O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) alfinetou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicano), ao afirmar que ele errou ao tentar negociar uma saída para a taxação de 50% proposta pelos Estados Unidos com a embaixada do país. “É um desrespeito comigo”, afirmou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Eduardo destacou que provou ser mais efetivo que o próprio Itamaraty. “O filho do presidente, exilado nos Estados Unidos. Queria buscar uma alternativa lateral. É um desrespeito comigo. Mas eu não estou buscando convencimento da população, eu estou buscando pressionar o [ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de] Moraes”, completou.
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O deputado licenciado ainda afirmou que não se arrepende da pressão que fez por retaliações contra o Brasil nos EUA, mesmo que isso possa favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026. “Acho que está muito acertado. E, no final, quando a gente sair vitorioso, as pessoas vão se dar conta disso”.
Em outro trecho, Eduardo Bolsonaro foi questionado sobre qual é o seu desejo com toda essa articulação feita com políticos nos EUA. “O meu desejo seria ter um país normal onde o deputado não fosse preso por falar ou por se relacionar com autoridades internacionais. O meu desejo é que um deputado de direita tenha o mesmo direito de um deputado de esquerda. Porque, no passado, [o deputado federal Guilherme] Boulos foi a Portugal, [o ministro do STF Cristiano] Zanin, por exemplo, fez campanha do Lula livre em diversos tribunais internacionais […]”, disse.
O político ainda disse que a política no Brasil é feita pelo Judiciário e, por causa disso, não há harmonia entre os três poderes, o que configura uma ditadura, não uma democracia. “Engana-se quem acha que pode viver numa ditatura e ter os benefícios do mundo livre. E o Trump não usou força total. Ele poderia ter feito muito mais”, disse, em referência ao congelamento de acesso da Rússia ao sistema swift (sistema financeiro global).
Questionado sobre as críticas que recebeu, inclusive por integrantes da direita, por ter se articulado nos bastidores com políticos estadunidenses, Eduardo Bolsonaro disse que o presidente Donald Trump foi claro em dizer que isso se deu por conta da regulamentação das big techs. “Eles mandaram recado para os americanos de que regulamentariam a internet independentemente daquilo que os americanos pudesse fazer em retaliação, Então agora segura a onda e assume a responsabilidade”, ressaltou.
Em outro trecho da entrevista, Eduardo Bolsonaro afirmou que só pretende voltar ao Brasil quando o ministro Alexandre de Moraes sofrer sanções dos EUA. “O prazo [para o licenciamento] termina 21 ou 22 de julho, se não me engano. Se for necessário, eu não volto, não. E não vejo a possibilidade de eu voltar, porque, se eu voltar, eles chamam para me prender. Mas muito provavelmente [vou abrir mão].”
“O [deputado] Evair de Melo (PP-ES) fez uma proposta de alteração do regimento que valeria para casos excepcionalíssimos como o meu, para que eu consiga exercer o mandato à distância, fazendo votação por telefone e celular. Foi uma inovação trazida durante a pandemia [de Covid-19]”, explicou Eduardo, mas ressaltou que isso depende da aprovação na Câmara. “O nosso pessoal está articulando dentro [da Casa]”, completou.