O Conselho de Administração do Flamengo decidiu, em reunião nesta segunda-feira, em punir o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello com 90 dias de afastamento do quadro social, o que o impede de disputar eleições no clube nos próximos cinco anos. A votação teve a participação de 84 conselheiros, e a terminou da seguinte forma: 52 votos a favor, 30 contra, um branco e um nulo.

O inquérito foi aberto por conta de declarações de Bandeira de Mello, em 2020, nas quais afirma que o incêndio que vitimou 10 jovens das divisões de base “dificilmente teria acontecido em sua gestão”. Na época, Eduardo Bandeira de Mello falou à reportagem do LANCE!, e reforçou que “não ofendeu ninguém.

A declaração de Bandeira de Mello se dá por conta do planejamento que havia em sua gestão, de que as divisões de base passassem a utilizar os alojamentos do módulo 1 do CT do Ninho do Urubu, em Vargem Grande, a partir de janeiro de 2019, e não mais os contêineres. Em 8 de fevereiro de 2019, um incêndio atingiu uma das unidades e vitimou 10 atletas das divisões de base do clube.

Em maio de 2021, o juiz Marcos Augusto Ramos Peixoto, da 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, recebeu a denúncia contra oito dos 11 denunciados pelo Ministério Público em janeiro, incluindo o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, pelo incêndio no Ninho. Na decisão, o monitor Marcus Vinícius foi absolvido e Carlos Noval, ex-diretor da base e atual gerente de transição, e Luiz Felipe Pondé, engenheiro do Flamengo, tiveram as denúncias rejeitadas.

O INCÊNDIO NO NINHO: AS VÍTIMAS E OS ACORDOS FEITOS PELO CLUBE

O incêndio no alojamento das divisões de base do Flamengo, em 8 de fevereiro de 2019, vitimou Athila Paixão (14), Arthur Vinícius (14), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (14), Jorge Eduardo Santos (15), Pablo Henrique (14), Rykelmo de Souza (16), Samuel Thomas Rosa (15), e Vitor Isaías (15). Outros 16 jovens estavam no CT, e três ficaram feridos (Cauan Emanuel, Francisco Dyogo e Jonatha Ventura), mas recuperam-se e seguem no clube.

Em 23 de dezembro de 2020, o Flamengo anunciou – em nota publicada em seu site oficial – que fechou acordos com familiares de oito vítimas do Ninho: Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Piseta, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Samuel, Pablo Henrique, Vitor Isaías e o pai de Rykelmo. Além da mãe de Rykelmo, que acionou o clube na Justiça, resta o acerto com a família de Christian Esmério.

Todos os 16 sobreviventes também fecharam acordos com o Flamengo.