18/04/2022 - 10:51
Apesar de todas as dificuldades, falhas e carências ocorridas no período mais restritivo da pandemia, é difícil imaginar como ficaria o setor da educação com as escolas fechadas e sem o apoio da tecnologia. Caso não existisse o ensino remoto, possivelmente os estudantes de todos os níveis – do básico ao superior – teriam ficado um longo período sem qualquer acesso às aulas e, em consequência, ao aprendizado.
A Covid-19 mostrou como a tecnologia tornou-se uma aliada importante em diversos setores da sociedade, entre eles a educação. E a tendência é aumentar ainda mais essa interatividade. Entre as novidades que surgem a cada dia estão as edtechs: empresas, geralmente startups, que utilizam a inovação tecnológica para criar soluções inovadoras na área da educação.
O termo edtech é uma abreviação de “education technology” – tecnologia educacional – e, de acordo com os especialistas, são soluções que procuram unir a tecnologia com o dia a dia de todos os envolvidos no setor: professores, alunos, pais e gestores. Os programas e os trabalhos desenvolvidos envolvem desde um aplicativo para um aluno aprender determinada disciplina até complexos sistemas de gestão para instituições de ensino de todos os níveis. Outros exemplos são cursos on-line, plataformas de ensino, games educativos e softwares, entre outras soluções.
Os números crescem a cada dia. Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), as edtechs representam hoje o maior segmento entre as startups brasileiras. Os dados mais recentes da entidade, que foram reunidos no Mapeamento de Comunidades 2020, mostram que havia, em 2020, 566 edtechs espalhadas por todo o Brasil. Em 2019, eram 449.
A maior parte das edtechs (58,7%) está localizada na Região Sudeste, sendo 37,8% no Estado de São Paulo. Ainda segundo o mapeamento da Abstartups, 12,9% das edtechs mapeadas afirmaram que já ofereceram e/ou venderam suas soluções para órgãos públicos e 88,8% mantiveram seus times durante toda a pandemia, sem a necessidade de fazer demissões por causa da Covid-19.
“O ano de 2020 foi atípico, tendo em vista os efeitos de uma pandemia mundial. No setor educacional, contudo, a necessidade de as escolas adotarem o ensino remoto destacou a importância da tecnologia e da inovação para os processos de ensino e aprendizagem”, diz trecho do Mapeamento de Comunidades da Abstartups. Segundo o levantamento, 63,8% das edtechs mantiveram ou aumentaram seu faturamento em 2020 e 40% realizaram novas contratações.
“A educação está em constante transformação. É muito gratificante ver essas mudanças acontecendo, pois todo esse processo de transformação tecnológica traz mudanças significativas, como a redução de custos que vem acompanhada de maior oportunidade de acesso para as pessoas”, afirma José Messias Jr., CEO e fundador da Cubos Academy, uma edtech que nasceu no começo de 2020, pouco antes da pandemia ser decretada em todo o mundo. “Neste período, nós desenvolvemos uma metodologia específica para ensinar tecnologia on-line e, dessa maneira, conseguimos engajar muito mais as pessoas do que em cursos presenciais”, diz Messias.
Segundo ele, a chegada do 5G vai contribuir para o avanço das edtechs pois, para o aluno estudar, é necessário o acesso à internet de boa qualidade, seja por meio de um computador ou pelos dispositivos móveis, como o celular. “O 5G traz muito mais velocidade para a internet e isso possibilita ao aluno a ter uma experiência positiva quando estiver estudando. Imagino que, com o passar do tempo, o 5G vai alcançar ainda mais localidades, possibilitando o acesso à educação para mais pessoas”, diz Messias Jr.
Um dos principais desafios para as edtechs se consolidarem como parte na educação brasileira, diz o CEO da Cubos, é a quebra de paradigmas e elas mostrarem que funcionam efetivamente. “Não dá para simplesmente pegar a aula tradicional do espaço físico e transferir para a plataforma on-line, ao vivo”, explica. “O ensino on-line, para ser efetivo, precisa ter uma metodologia própria e pensada especialmente para isso, inclusive, levando em consideração as necessidades desse aluno brasileiro que está no ambiente digital”, completa.