O ministro-chefe da Comunicação Social e tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff, Edinho Silva, negou, nesta quinta-feira, 7, que tenha negociado doações oriundas de propina. Em entrevista no Planalto, ele apelou também aos integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário para que evitem “vazamentos seletivos” de trechos de delações premiadas nesta fase final do processo de impeachment no Congresso.

“Eu queria fazer um apelo aos integrantes do Ministério Público, do Poder Judiciário, para que nós possamos impedir que um processo de investigação, que pode e deve fortalecer as instituições brasileiras, se torne, por meio de vazamentos seletivos, instrumento da luta político-partidária, principalmente em uma conjuntura onde nós estamos num processo de definição de um processo de impeachment”, declarou Edinho Silva, que anunciou ainda que o governo estuda “medidas cabíveis” contra os vazamentos.

O ministro não quis responder se o governo estuda pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação da delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, mas esta é uma das possibilidades que está sendo estudada pela defesa de Dilma.

Na delação do ex-presidente da Andrade Gutierrez, agora homologada pelo STF, ele informou que as doações das campanhas de 2014 e 2010 para a presidente Dilma Rousseff foram fruto de propina oriunda de superfaturamento de contratos em obras da Petrobras e do setor elétrico. Edinho negou que tenha tratado com o presidente da empreiteira que o dinheiro da campanha fosse fruto de propina de contratos com o governo.

“Jamais falei em propina com o presidente da Andrade Gutierrez”, defendeu-se Edinho, acrescentando que “a campanha da presidente Dilma arrecadou de forma legítima em 2014” e que “as contas de campanha de Dilma foram aprovadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral)”.

Apesar do apelo, Edinho afirmou que as delações “não terão impacto nenhum” nos votos dos parlamentares no plenário da Câmara, a favor do impeachment da presidente Dilma. “Me estranha que uma delação seletiva seja vazada num momento como este, quando a Câmara esta às vésperas de uma decisão importante”, desabafou ele, insistindo que não terão impacto porque “não tem lastro com a verdade”.

Sem citar o nome do senador tucano Aécio Neves (MG), o ministro disse que a Andrade Gutierrez doou valores maiores “ao segundo colocado” nas eleições de 2014, do que à campanha petista. “As doações para campanha foram inferiores a doações a candidato adversário do segundo turno”, declarou. “O que nos deixa indignados é que colocam sob suspeita as doações para a campanha da presidenta.”

Questionado se o governo irá fazer um corpo a corpo com os parlamentares para evitar que eles sejam contaminados pelas denúncias e deixem de apoiar a presidente Dilma e passem a defender o impeachment, Edinho respondeu que os parlamentares devem “estar desconfiados” de que os vazamentos seletivos sejam para prejudicar Dilma. “Acredito que o bom senso deve estar com os parlamentares”, comentou.

Sobre a possibilidade de deixar o governo por conta das denúncias, Edinho reagiu: “tenho plena consciência da lisura dos meus atos. Não tenho problema que todos os meus atos sejam investigados. Eu agi da forma correta, legal e ética. Eu tenho toda confiança da presidente Dilma. Ela me conhece e conhece a forma como eu conduzi a arrecadação de sua campanha”.