Feliz em ter garantido o sonho da casa própria quase seis anos atrás, boa parte dos moradores do Conjunto Habitacional Wilson Toni, em Ribeirão Preto (SP), vive hoje o pesadelo de pagar por uma obra deteriorada e cheia de defeitos. Rachaduras, infiltrações, goteiras e caixas de hidrômetros que costumam desabar são alguns dos problemas.

“No térreo, quando chove, a água desce pela calçada, atravessa por baixo da parede e vai parar dentro dos apartamentos”, conta Wagner de Jesus Mellini, presidente da associação de moradores. Segundo ele, rachaduras e infiltrações também tiram o sono de muita gente.

“Pode pintar ou passar qualquer produto na parede que não resolve”, diz dona Maria Elisabete, apontando para uma parede úmida e cheia de marcas. Para ela, o mais triste é ver que nada é feito para resolver a situação. “Tem mofo por todo lado. A umidade faz mal para a saúde”, lamenta.

O conjunto habitacional foi um dos primeiros erguidos por meio do programa Minha Casa Minha Vida e tem 704 apartamentos divididos em sete blocos. Recebeu investimentos de mais de R$ 32,3 milhões na época e fez parte de um projeto de desfavelamento da cidade.

No local moram hoje famílias que residiam nas favelas do Tanquinho. Pagam parcelas de no máximo R$ 75 por mês, além de condomínio no valor de R$ 56.

Dificuldades

A inadimplência, no entanto, é elevada e chega a quase metade dos moradores, segundo o presidente da associação. “Na minha quadra, 65 dos 136 apartamentos estão com dívidas”, diz Mellini. Ele explica que esses problemas estruturais ajudam a aumentar o número de devedores. “O pessoal fica desanimado.”

Em 2016, cansados de correr atrás sem conseguir uma solução, os moradores ingressaram com ação na Justiça para tentar obrigar a construtora a fazer os reparos nos prédios.

O processo, que ainda não foi julgado, tem entre os autores o cadeirante Lucas Henrique da Costa. Seu apartamento apresenta uma série de defeitos. “A gente fica preocupado, com medo de tudo desabar”, diz.

A reportagem entrou em contato com a Protenco, responsável pelo conjunto habitacional, que disse não ter ninguém para falar sobre o tema. Ao ser acionada na Justiça, a construtora divulgou nota dizendo já ter feito reparos na obra e que o prazo de garantia de cinco anos já passou. A Caixa não retornou os contatos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.