Economista do Banco Mundial mostra ceticismo sobre possibilidade de recessão global ser evitada

Economista do Banco Mundial mostra ceticismo sobre possibilidade de  recessão global ser evitada

Por Andrea Shalal

MADRI (Reuters) – A economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, disse estar cética quanto de que as economias global e dos Estados Unidos possam evitar uma recessão, dado o aumento da inflação, a alta acentuada das taxas de juros e a desaceleração do crescimento na China.

Reinhart, que retorna à Universidade de Harvard em 1º de julho após uma licença de dois anos de serviço público, disse que historicamente é uma tarefa difícil reduzir a inflação e engendrar um pouco suave ao mesmo tempo, e que os riscos de recessão são claramente um “tópico quente” no momento.

“O que preocupa a todos é que todos os riscos estão empilhados no lado negativo”, disse Reinhart à Reuters em uma entrevista remota, citando uma série de choques adversos e movimentos do Federal Reserve para aumentar os juros após uma década e meia de taxas ultrabaixas e negativas.

A crise financeira global de 2008-2009 afetou principalmente uma dúzia de economias avançadas e a China naquela época era um grande motor de crescimento, mas esta crise é muito mais ampla e o crescimento da China não está mais nos dois dígitos, disse ela.

O Banco Mundial reduziu este mês sua previsão de crescimento global em quase um terço, a 2,9% para 2022, alertando que a guerra da Rússia na Ucrânia somou-se aos danos causados pela pandemia da Covid-19, e muitos países agora enfrentam a recessão.

O banco disse que o crescimento global pode cair para 2,1% em 2022 e 1,5% em 2023, impulsionando um crescimento per capita próximo a zero, caso os riscos negativo se materializem.

Questionada se uma recessão poderia ser evitada nos Estados Unidos ou globalmente, Reinhart disse: “Estou bastante cética. Em meados dos anos 1990, com o chairman (do Fed Alan) Greenspan, tivemos um pouso suave, mas a preocupação com a inflação na época estava em torno de 3%, não em torno de 8,5%. Não é que se possa apontar muitos episódios de aperto significativo do Fed que não tiveram um custo para a economia.”

(Reportagem de Andrea Shalal)

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