08/01/2020 - 21:19
A recuperação econômica de alguns países vai impulsionar sutilmente o crescimento mundial este ano, mas as perspectivas são ofuscadas por potenciais entraves que podem frear este leve impulso, advertiu nesta quarta-feira (8) o Banco Mundial (BM).
O retorno das tensões comerciais, que se atenuaram após o recente anúncio de um acordo preliminar entre China e Estados Unidos, pode erodir o modesto progresso da economia e se expandir rapidamente muito além das duas grandes potências mundiais.
Em seu último relatório de Perspectivas Econômicas Globais, o Banco Mundial projeta um crescimento de 2,4% para a economia mundial este ano; apenas um décimo acima de 2019, mas menor que o prognóstico anterior para 2020, feito em julho.
Apesar do movimento positivo, o informe intitulado “Frágil, manusear com cuidado”, reduz as previsões para quase todos os países, exceto os Estados Unidos.
E o crescimento não é suficientemente rápido para alcançar a meta de tirar mais gente da pobreza.
A maioria das principais economias tendem a crescer pouco este ano.
Este crescimento se apoia quase totalmente em umas poucas economias emergentes que se espera que progridam após um 2019 decepcionante. No caso da Argentina, espera-se que o PIB encolha a uma taxa menor.
– As principais economias –
Estados Unidos e China respondem juntos por quase 40% do crescimento do PIB mundial e o quarto de todo o comércio global. Mas ao melhorar suas relações após dois anos de disputas, vão representar um lastro menor ao crescimento, embora cada uma dessas economias vá crescer menos.
O crescimento dos Estados Unidos foi estimado em 1,8% para 2020 após 2,3% no ano passado, disse o Banco Mundial.
O PIB da China crescerá abaixo de 6% pela primeira vez desde 1990 e sua taxa de crescimento prevista é de 5,9%.
A zona do euro, afetada pela desaceleração da Alemanha e pela ameaça do Brexit, “deteriorou-se significativamente”, com muitas economias “à beira da recessão em algum momento do ano passado”.
O crescimento na região se acelerará apenas 1,0% este ano antes de crescer em 2021.
O Japão também está “sofrendo intensas fragilidades em manufaturas e exportações” e sua economia crescerá apenas 0,7%.
– Mercados emergentes –
Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento impulsionaram a economia mundial em momentos de fragilidade, mas agora se deparam com um caminho complicado e um terço destes países desacelerará este ano.
Neste grupo de países, 90% do crescimento de 2020 corresponde a apenas oito economias: Argentina, Brasil, Índia, Irã, México, Rússia, Arábia Saudita e Turquia, diz o informe.
A Argentina, que encolheu 3,1% em 2019, terá uma redução de 1,9% este ano. Brasil e México deverão crescer 2% e 1,2%, respectivamente, muito acima do que em 2019.
O Brasil estará apoiado pelo aumento da confiança dos investidores, pela redução de suas taxas de juros e pelas novas condições no mercado de trabalho, segundo o Banco Mundial.
O México, por sua vez, vai tirar partido de uma diminuição de incertezas políticas que ajudará a aumentar os investimentos, continua.
Para a Colômbia, espera-se que projetos de infraestrutura gerem um crescimento de 3,6%. Na América Central, a projeção de expansão do PIB é de 3%, graças a melhoras nas condições de Costa Rica e Panamá.
– Perigos à vista –
O Banco Mundial avisa que se aproximam vários riscos, mas advertiu que o corte das projeções foi anterior ao início das hostilidades entre Estados unidos e Irã, cujas consequências ainda não se podem estimar.
A principal preocupação do informe é a potencial retomada das tensões comerciais sino-americanas.
Uma “renovada alteração dos laços econômicos entre China e Estados Unidos poderia afetar não só estas duas economias, como o resto do mundo”, diz o informe.
A isto se soma que o endividamento dos países está em níveis recorde e os deixa vulneráveis a eventuais choques ou súbitos aumentos das taxas de juros.