A economia japonesa recuou no primeiro trimestre pela primeira vez em dois anos, devido à debilidade do consumo e a uma onda de frio, mas os analistas projetam que a terceira maior economia do mundo vai se recuperar rapidamente.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país se retraiu 0,2% entre janeiro e março, em comparação com o crescimento de 0,1% registrado no fim de 2017, informou nesta quarta-feira o escritório de estatísticas.

Esses dados marcaram o fim de uma série de oito trimestres consecutivos em expansão, uma sequência que o país não tinha experimentado desde a época do “milagre” da década de 1980, quando a economia japonesa dominava o mundo.

Eles representam um golpe para o primeiro-ministro Shinzo Abe, que já está sob pressão por uma série de escândalos.

Contudo, especialistas afirmaram que esperam que os números representem uma pausa na tendência ao crescimento, e não o início de uma retração mais longa.

“Houve fatores pontuais no período entre janeiro e março, desde as vendas na bolsa à alta do preço dos vegetais devido ao mau tempo”, disse Takeshi Minami, economista-chefe da Norinchukin.

O iene também ganhou força frente a outras moedas importantes devido às compras de investidores que veem neste ativo um refúgio em tempos incertos, o que abalou o panorama para os exportadores japoneses.

“Há temores sobre algumas economias de mercados emergentes, mas é provável que a economia global, em seu conjunto, continue sua recuperação durante algum tempo. O PIB (do Japão) vai provavelmente voltar ao crescimento positivo no período abril-junho”, disse Minami à AFP.

A economia se estagnou devido ao fraco consumo privado, que ficou estabilizado neste período, depois de ter marcado uma alta de 0,2% no último trimestre do ano passado.

Mas, apesar da estagnação generalizada, Minami acredita que a economia vai continuar sólida.

“Se olhar a pesquisa ‘Tankan’ do Banco do Japão publicada em abril, a confiança das empresas não foi afetada e os planos de investimento corporativo continuam sólidos”, disse o especialista.

A pesquisa principal realizada pelo Banco Central mostrou que, neste mês, a confiança entre os maiores industriais japoneses tinha caído após cinco trimestres em alta, mas continuava perto do nível mais alto em uma década.

Katsunori Kitakura, chefe de estratégia do Sumitomo Mitsui Trust Group, também acha que os decepcionantes resultados do primeiro trimestre são “algo pontual já que o fraco consumo pessoal se juntou a outros fatores especiais”.

“A economia japonesa deveria registrar uma modesta recuperação impulsionada pela economia global, com as exportações especialmente beneficiadas, o que ajudará o PIB do Japão a reverter a tendência a partir do segundo trimestre e ao longo de 2018”, disse em um comentário publicado mais cedo nesta semana.

Contudo, Yoshimasa Maruyama, chefe de mercados na SMBC Nikko Securities alertou que o consumo dos lares mostrou uma fraqueza que vai além dos fatores especiais que se somaram neste período.

Os consumidores vão manter as carteiras fechadas “a não ser que o ritmo de aumento dos salários mostre uma clara aceleração”, disse em comentário publicado antes da apresentação dos dados.