Os Verdes podem se tornar a grande notícia nas eleições parlamentares de domingo (20) na Suíça e entrar pela primeira vez no governo suíço, onde os grandes partidos compartilham as sete posições ministeriais.

Os suíços renovam os 200 conselheiros nacionais (Câmara Baixa), em votação proporcional, e os 46 conselheiros estaduais (Câmara Alta), através de um sistema majoritário de dois turnos.

Em 11 de dezembro, todos esses parlamentares elegerão os sete ministros do governo.

A estabilidade tradicional do conselho político suíço, em parte devido a um complexo sistema eleitoral, limita as surpresas.

Além disso, geralmente menos de um eleitor em cada dois participa dessas eleições legislativas e senatoriais, que são realizadas a cada quatro anos.

Este ano, a urgência climática modificou a situação, e os Verdes poderão superar o Partido Democrata Cristão (PDC, centro), quarta força política na câmara baixa.

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Durante décadas, quatro grandes partidos – União Democrática Central (UDC, direita populista), Partido Socialista (PS), Partido Liberal Radical (PLR, direita) e PDC distribuíram os sete ministérios de acordo com uma “fórmula mágica”.

Em 2015, a UDC, partido anti-imigrante, obteve seu melhor resultado na Câmara dos Deputados (29,4% dos votos), enquanto os Verdes e os Verdes Liberais – com posições diferentes em vários assuntos – alcançaram respectivamente 7,1% e 4,6%.

Segundo uma pesquisa publicada no início de outubro pela televisão pública RTS, a UDC lidera com 27,3% das intenções de voto.

Verdes e liberais-verdes receberiam 10,7% e 7,3%, ou seja, 18% no total. É mais do que o PLR (15,2%) e quase tanto quanto o PS (18,2%), e muito mais que o PDC (10,6%).

– Antes migração, agora clima –

“As pesquisas mostram que as preocupações com as mudanças climáticas são agora a prioridade dos suíços. Por outro lado, o problema da migração, que foi central em 2015, caiu de intensidade hoje”, explica Pascal Sciarini, cientista político da Universidade de Genebra.

Vários cantões decretaram a “urgência climática”, depois que os discursos da ativista ambiental Greta Thunberg tiveram um eco notável na Suíça, onde dezenas de milhares de pessoas, principalmente jovens, participaram das “greves pelo clima”.

“Na Suíça, a mobilização é essencial, pois poucas pessoas mudam de partido. Para os jovens, é necessário um evento para que sejam incentivados a votar”, explica Martine Mousson, cientista política do instituto de pesquisas gfs.bern.

Quase todos os partidos se lançaram na batalha “verde” e os socialistas têm seu próprio “Plano Climático Marshall”.

Somente a UDC denunciou uma “histeria climática”.

Embora os partidos ambientais estejam indo bem, sua entrada no governo não está garantida. Segundo analistas políticos, os ambientalistas devem primeiro consolidar seu progresso eleitoral dentro de quatro anos, antes de aspirar a entrar no Executivo.


Além disso, para ser eleito ministro, é preciso ter o apoio das duas câmaras.

Embora os Verdes possam obter um bom resultado no Conselho Nacional (Câmara Baixa), será mais difícil para eles progredirem no Conselho de Estados (Câmara Alta), onde a votação majoritária em dois turnos favorece as alianças de centro-direita.


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