A pequena Maria Júlia de Camargo Donadio, de quatro meses, é portadora da Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara e grave, e está internada há cerca de três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal de um hospital de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Recentemente, a mãe da menina, Aline Camargo Donadio, descobriu que alguém havia criado um perfil falso nas redes sociais e, utilizando-se das imagens da bebê, pedia doações via Pix.

Resumo:

  • Golpistas criam perfil falso com as imagens de Maria Júlia para conseguir dinheiro;
  • Aline divulgou o caso nas redes sociais e registrou boletim de ocorrência;
  • Após repercussão do caso, o TikTok bloqueou o perfil falso.

Em entrevista à IstoÉ, Aline informou que Maria Júlia apresentou os primeiros sinais da doença aos 17 dias de vida. A menina precisou ser levada às pressas para uma emergência pois estava ficando roxa e perdendo o fôlego.

“Assim que chegamos ao hospital, os médicos desconfiaram que ela poderia ter algum problema neurológico ou cardíaco, pois ela tem hipotonia (tônus muscular enfraquecido)”, informou. Por conta disso, Maria Júlia precisou ficar internada. Nesse momento, uma neuropediatra solicitou alguns exames, um deles foi o mapeamento genético. “Com esse procedimento específico foi diagnosticado que ela tem AME tipo 1”, acrescentou.

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Imediatamente, os pais da menina fizeram a solicitação para o medicamento Spinraza, que é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Eu entrei na farmácia de alto custo do SUS e a aprovação da medicação foi muito rápida. Após cinco dias, a Maria Júlia tomou a primeira dose do remédio, que retarda a progressão da doença”, afirmou.

Mesmo assim, a menina permanece internada, pois ocorreram algumas intercorrências. A última foi uma secreção no pulmão. Agora os pais da Maria Júlia aguardam pela tão sonhada alta.

“Todos os cuidados que ela tem no hospital vão continuar em casa. Vamos contratar fisioterapeuta e outros profissionais para dar assistência constante, pois, caso ela sofra alguma intercorrência, a gente consiga socorrê-la o mais rápido possível”, informou Aline.

Perfil falso

Por conta de todo o custo com a doença, Aline resolveu criar um perfil no Instagram, pelo qual disponibilizou uma chave Pix com o CPF da Maria Júlia para receber doações.

Porém, no dia 6 de maio, um seguidor a avisou que alguém havia criado um perfil falso no TikTok com as imagens da menina, mas o nome era “Laurinha”. “Os golpistas chegaram a colocar imagens da influenciadora Virginia Fonseca dançando e, depois, apareciam as imagens da Maria Júlia com uma mensagem pedindo dinheiro e fornecendo uma chave Pix totalmente diferente”, disse Aline.

‘É uma sensação de total impotência’, diz mãe de bebê com AME sobre golpes nas redes sociais
Imagem concedida

De acordo com ela, o CPF do perfil falso era de um homem de Pernambuco. Após ter conhecimento do caso, Aline decidiu criar outras contas nas redes sociais para alertar as pessoas sobre o golpe.

“Alguns usuários também repostavam os meus vídeos para informar sobre a ação dos golpistas. Eles eram muito rápidos, apagavam os comentários e bloqueavam as pessoas que faziam os alertas”, acrescentou.

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Imagem concedida

No dia 9 de maio, Aline foi até uma delegacia da Polícia Civil para abrir um boletim de ocorrência. A IstoÉ entrou em contato com a corporação para saber se o caso é investigado, mas não obteve resposta até o momento.

Após a repercussão do caso, o TikTok desativou o perfil falso. “Eu nunca imagine que alguém teria a capacidade de usar a doença de uma bebê inocente para aplicar golpe. É uma sensação de total impotência. Eu sinto muito pelas pessoas que caíram no golpe e doaram dinheiro”, finalizou.