O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (8) que a queda de um helicóptero na Guiana, que deixou cinco militares mortos, foi “uma mensagem do além”, em meio à disputa que os dois países mantêm pelo Essequibo, um território rico em petróleo.

“Transmito minhas condolências ao povo da Guiana e às forças militares, mas isso é uma mensagem do além: não mexa com a Venezuela, quem mexe com a Venezuela vai se dar mal”, disse Maduro durante um ato em frente ao palácio presidencial de Miraflores.

Cinco militares do Exército da Guiana morreram neste acidente, registrado na quarta-feira na região de Essequibo.

“Lamentavelmente tiveram um acidente de helicóptero e, imediatamente, os meios de comunicação da Guiana me acusaram de ter derrubado esse helicóptero”, assinalou Maduro, que exibiu mapas da Venezuela com a inclusão do Essequibo durante o ato.

O chefe das Forças Armadas guianesas, Omar Khan, disse à AFP que não há informações que “sugiram” o envolvimento da Venezuela no acidente, no qual dois militares sobreviveram.

As tensões, que aumentaram a partir de 2015 com a descoberta de importantes reservas de petróleo na região pela companhia americana ExxonMobil, serão discutidas hoje no Conselho de Segurança da ONU, em uma reunião convocada com caráter de “urgência” a pedido da Guiana.

A controvérsia escalou ainda mais depois que a Venezuela realizou um referendo em 3 de dezembro, no qual mais de 95% dos eleitores que participaram aprovaram a criação de uma província venezuelana no Essequibo, território que representa 2/3 da Guiana, e a concessão de nacionalidade venezuelana aos 125.000 habitantes da região disputada e de licenças para exploração de petróleo.

A comunidade internacional clama por uma solução pacífica em meio às declarações acaloradas de ambos os governos, que despertam temores de um conflito.

A Venezuela alega que o Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha. Atém-se ao acordo de Genebra, firmado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que assentava as bases para uma solução negociada e anulava um laudo arbitral de 1899.

A Guiana, por sua vez, defende esse laudo e pede que ele seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição não é reconhecida por Caracas nessa disputa.

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