Lucas Moura foi o herói de uma classificação improvável do Tottenham à final da Liga dos Campeões. Marcou os três gols da virada sobre o Ajax por 3 a 2. Agora, no dia 1º de junho, no estádio Wanda Metropolitano, em Madri, promete “deixar tudo em campo” para superar o favorito Liverpool e coroar o trabalho de uma temporada.

A redenção está próxima. Após deixar o Paris Saint-Germain, o atacante demorou para encontrar seu espaço na Inglaterra. Atualmente, vive seu melhor momento. São 48 jogos (37 como titular) e 15 gols. A seleção pode esperar. Ao Estado, disse respeitar a decisão de Tite de deixá-lo fora da Copa América e foca na decisão da Europa.

Você vê este momento da sua carreira como sua redenção?

É um grande momento da minha carreira. Sempre sonhei e trabalhei para vivê-lo, sempre tive o sonho de disputar uma final de Liga dos Campeões. Fazer três gols em uma semifinal, da maneira que foi, classificando o Tottenham, realmente é algo que ficará marcado para sempre na minha vida.

Quanto tempo demorou para você ter uma dimensão do feito que alcançou na semifinal?

Foi uma noite inesquecível. Eu sempre acreditei que daria, mesmo indo para o intervalo com 2 a 0 contra. Nunca desisti e procurei passar isso a todos. Não desistimos. Lutamos até o último segundo. Eu nem consegui dormir naquele dia. É algo realmente que muda a vida de um jogador. Fiquei revendo os lances, os gols… Me emocionei demais e até hoje me emociono quando vejo, quando lembro. A ficha demorou um pouco para cair, mas o mais importante, apesar do feito histórico, é classificar para a final. Oportunidade de ser campeão é mais importante que o feito individual.

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O Eriksen pediu uma estátua para você na frente do novo estádio do clube. Você concorda?

Eu vi essa declaração dele, me surpreendi muito. Mas acho que uma estátua teria de ser para o time inteiro, não só para um jogador. Ali foi uma entrega de todos, não só minha. Claro que os três gols acabam dando um destaque maior, mas seria injusto da minha parte achar que mereço uma estátua. Foi uma classificação de todo o time. Ninguém faz nada sozinho, eu precisei do grupo inteiro para fazer os gols, então é mérito de todo o elenco.

Guardou a bola da semifinal?

A bola tem um cantinho especial na minha casa, guardei com muito carinho e fica junto com outros troféus que conquistei. É algo que ficou marcado. E meu filho Miguel brinca muito com ela (risos).

O Tottenham é azarão na final?

Mostramos ao longo da temporada que podemos jogar de igual para igual contra qualquer equipe. Claro que sabemos da qualidade do Liverpool, que também chegou na final do ano passado. Fez uma Premier League (Campeonato Inglês) digna de pontuação de campeão, mas também mostramos o nosso valor. Fomos crescendo ao longo da temporada e vamos para esta final para dar a nossa vida. É um jogo só, temos de entregar todo o nosso empenho. Será um grande jogo. Talvez uma surpresa para muita gente, mas eu sempre acreditei no time, no potencial da equipe. Provamos que temos muita capacidade.

O que o Tottenham precisa fazer para superar o Liverpool?

Temos de ter atenção os 90 minutos. Fizemos grandes jogos contra eles no Inglês nesta temporada, mas cometemos alguns erros que custaram caro. Então, não podemos repeti-los. É atenção máxima, são 90 minutos para decidir o título.

Quais são os pontos positivos deste time do Tottenham?

É um time muito unido, uma amizade bacana entre nós. Há uma entrega de cada um, sempre ao máximo nos treinos e jogos. Espírito de guerreiro. O coletivo também é assim.

Quais são os méritos do técnico Mauricio Pochettino?


Ele tem feito um grande trabalho. Colocou o Tottenham para brigar de igual para igual na Premier e agora está na final da Liga dos Campeões. O título da Champions viria para coroar tudo isso. Ele está neste escalão de frente de treinadores. Está certamente entre os melhores do mundo.

Qual é o segredo do sucesso do futebol inglês, que dominou a Europa nesta temporada?

A Premier é o melhor campeonato do mundo. É uma intensidade muito grande, com grandes jogos. Você enfrenta rivais que vai acabar encontrando na Champions e na Liga Europa. Então, isso aumenta a competitividade entre os clubes. Há muito investimento, jogadores de altíssimo nível. Isso faz com que a liga nacional seja tão poderosa. O jogador tem de estar muito preparado para se entregar, correr…

Independentemente da diferença abissal de investimento, por que o futebol brasileiro não é tão bem jogado como na Europa?

O futebol brasileiro precisa melhorar em muitos aspectos. O calendário, que é muito apertado. Não há tempo para trabalhar, treinar. A estrutura dos estádios, por exemplo os gramados. Isso influencia bastante, deixa o jogo mais lento. E, claro, na filosofia de trabalho. Brasil tem muita qualidade técnica, mas acho que precisamos evoluir no coletivo. Aqui na Europa isso é mais levado em conta do que o individual. Todo mundo tem de ajudar, correr muito. É uma questão dos jogadores colocarem na cabeça que têm de ajudar, ter disciplina tática, jogar sem a bola.


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