Houve tempo em que a coletiva de lançamento do É Tudo Verdade reunia uma farta mesa de patrocinadores e apoiadores, todos querendo discursar e dizendo quão importante era fazer parte do maior evento de documentários do País – e da América Latina. Os tempos mudaram, e minguaram. “A vida não está fácil para quem produz cultura”, refletiu Amir Labaki, criador e diretor do festival. Será o 24º É Tudo Verdade, de 4 a 14 de abril em São Paulo e de 8 a 14 de abril no Rio. Na mesa, dois patrocinadores – representantes do Sesc e do Itaú Cultural.

Menos dinheiro significa menos filmes, menos convidados. O importante é que o É Tudo Verdade resiste e Labaki considera um privilégio apresentar “uma safra excepcional como essa, tanto brasileira quanto internacional”. E ele acrescenta – “Foi um dos processos de seleção mais intensos da década”. Em São Paulo, o festival será aberto dia 3, no Auditório Ibirapuera, com o documentário de Avi Belkin, Mike Wallace Está Aqui, sobre o apresentador do 60 Minutes. No Rio, dia 8, a honra cabe a Paulo Thiago, que conta a história do Grupo Opinião, ligado ao Centro Popular de Cultura. Memórias do Grupo Opinião evoca a resistência à ditadura militar.

Dois cineastas viscerais que morreram no ano passado serão homenageados – o É Tudo Verdade vai lembrar a obra de documentarista do brasileiro Nelson Pereira dos Santos, programando sua série para TV, Casa Grande & Senzala, a partir do livro famoso de Gilberto Freyre, e a cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Claude Lanzmann, documentarista francês que, antes de se tornar diretor, trabalhou na revista Temps Modernes, de Jean-Paul Sartre – e, jovem ainda, viveu sete anos com Simone de Beauvoir -, cravou seu nome na história do cinema com o monumental projeto sobre a Shoah, o Holocausto. O festival exibe os últimos retratos filmados por Lanzmann. As Quatro Irmãs é uma série de quatro filmes, cada um centrado na figura de uma sobrevivente do genocídio nazista, que o diretor conheceu enquanto colhia depoimentos para sua obra mais famosa.

O festival também resgata, na competição internacional, Ziva Postec – A Montadora por Trás do filme Shoah, de Cathérine Hebert, que tenta descobrir por que Lanzmann baniu Ziva de sua alentada autobiografia, que dedica páginas e páginas à realização de Shoah. O É Tudo Verdade também resgatará músicos como Dorival Caymmi e Astor Piazzolla. Atração especial será o documentário de Werner Herzog, Encontrando Gorbachev.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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