Governos e empresas devem ajudar países da África a lidar com as consequências das mudanças climáticas, disse a diretora executiva do Banco Mundial nesta quarta-feira, enquanto sua organização prometeu bilhões para investimentos verdes no continente.

Kristalina Georgieva afirmou que é vital que os países menos responsáveis pelo aquecimento global sejam auxiliados na adaptação ao clima extremo e à insegurança alimentar que seus cidadãos enfrentam.

“A África contribui com 4% das emissões de CO2 em todo o mundo, mas mais de 65% da população lá já é afetada pelas mudanças climáticas, pela seca, pelas inundações, pelas tempestades”, disse à AFP.

Em declarações dadas na véspera da One Planet Summit em Nairóbi, Georgieva disse que o desenvolvimento verde na África era uma meta econômica aberta para empresas dispostas a investir em energia renovável, tecnologia agrícola e conservação.

“Especialmente na África, gostaríamos de ver ação sobre o recurso de adaptação de forma proeminente”, observou. “Estamos determinados a demonstrar que a ação climática também é boa para a economia e boa para as pessoas”.

O Banco Mundial anunciou nesta quarta-feira que está fornecendo US$ 22,5 bilhões para programas de desenvolvimento sustentável na África entre 2021-2025.

A ONU estima que em meados do século o continente abrigará mais de 2,2 bilhões de pessoas.

Esta crescente população provavelmente pressionará mais as regiões já suscetíveis à seca, e poderá sobrecarregar a infraestrutura que está quebrando em muitos dos centros urbanos do continente.

Um relatório da consultoria de risco Verisk Maplecroft do ano passado apontou que dois terços das cidades na África enfrentam “risco extremo” de ameaças relacionadas à mudança climática.

“Se as cidades não se desenvolverem levando em conta como será o clima daqui a 10, 20, 30, 40 anos, isso pode ser bastante catastrófico para as populações”, disse Georgieva.

– Custo da inação –

Especialistas de mais de 170 nações estão na capital queniana esta semana para a Assembleia do Meio Ambiente da ONU, que tem como objetivo pressionar os países a se comprometerem a reduzir o consumo e o desperdício.

A One Planet Summit contará com a presença de chefes de Estado, como o presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu homólogo queniano, Uhuru Kenyatta, que darão um peso político ao processo.

Uma questão constante nos círculos ambientais é como fazer o setor privado aderir à ecologização da economia global.

Georgieva disse que os governos podem proliferar políticas que tornem mais fácil para as empresas investir em fontes renováveis, gestão de resíduos e proteção de habitats – e colher recompensas econômicas fazendo isso.

Por exemplo, em toda a África – um continente bastante ensolarado – a energia solar representa apenas 1,5% da produção de energia.

“Estamos apenas construindo defesas contra as mudanças climáticas, e fazendo isso reconhecendo o incrível valor de nossos oceanos, nossas florestas, nossa terra e espécies das quais depende a harmonia de nosso planeta”, afirmou.

“Eu vejo um tremendo potencial econômico nisso. A consciência ambiental é ao mesmo tempo consciência econômica, porque se arruinarmos nossos ecossistemas, então haverá um enorme preço econômico a pagar.”