A tenista japonesa Naomi Osaka não é apenas a atleta feminina mais bem paga do mundo e a personalização do talento de uma nova geração. Naomi é corajosa. Após conquistar sua primeira vitória sobre a romena Patricia Maria Tig na estreia do Roland Garros, na França, ela decidiu sair da partida e não conceder entrevistas à imprensa, algo que vai contra as regras do Grand Slam francês. Foi prontamente multada em US$ 15 mil (R$77 mil). Fora a ameaça dos organizadores da competição de expulsá-la do torneio caso ela não comparecesse no encontro com jornalistas após os jogos.

Foi aí que aconteceu o inesperado: ela simplesmente desistiu da competição, uma das quatro mais importantes do tênis, ao lado do US Open, Wimbledon e Austrália Open. Essa é a primeira vez que uma atleta de alto nível desiste de uma competição desse tamanho sem ser por condições físicas ou lesões.

Após ser criticada, Naomi foi para as suas redes sociais contar o real motivo pelo qual tomou uma atitude tão radical: a depressão. “Acho que agora a melhor coisa para o torneio, para os outros jogadores e meu bem-estar é que eu me retire para que todos possam voltar a se concentrar no tênis que está acontecendo em Paris”, disse ela.

Naomi falou ainda sobre como as entrevistas atrapalhavam seu desempenho nas partidas e foi além: disse que tudo começou quando ganhou de Serena Williams – vencedora de 23 Grand Slams – em 2018. Ninguém esperava que ela fosse ganhar, ou melhor, não queriam que ela ganhasse. Ali também começava a ficar mais forte o seu problema com a ansiedade, motivo pelo qual ela sempre estava com pesados fones de ouvido. Ao final de seu texto, publicado em inglês em sua conta de Instagram, agradeceu aos jornalistas e pediu desculpas pela atitude ter tomado as proporções que o caso tomou.

A própria Serena apoiou a decisão de Naomi e sua postagem foi endossada por outros atletas, como Venus Williams, Usain Bolt e Lewis Hamilton. Agora resta saber o que será de seu futuro, já que a próxima competição é Wimbledon, que começa duas semanas após Roland Garros e também obriga os atletas a concederem entrevistas. E tudo isso poderia ter sido evitado se a comunicação tivesse sido melhor entre os dirigentes e a própria atleta. Sua decisão de ir às redes sociais para explicar seus problemas psicológicos será uma revolução ou um tiro no pé? Quem perde, naturalmente, é o esporte, mais a permanência do estigma sobre a saúde mental. Naomi Osaka é jovem e não deve deixar as quadras tão cedo. Que vença o bom combate.

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