As apostas esportivas têm ganhado imenso destaque no Brasil e no mundo. Em poucos anos, elas se tornaram parte importante do entretenimento que cerca o universo dos esportes, sobretudo do futebol.

De fato, as apostas podem ser uma ótima atividade para se realizar, desde que feitas com parcimônia, consciência e de maneira saudável. Contudo, algumas pessoas perdem o controle sobre elas e desenvolvem problemas sérios.

De olho nestes casos relativamente comuns, conversamos com o especialista em Psicologia Humanista, Rafael Oliveira, para entendermos um pouco mais sobre este assunto.

Os tipos de apostadores

O profissional afirma que, antes de tudo, é importante entender os três tipos principais de apostadores que existem: o profissional, o casual e o adicto. “O apostador profissional conhece os riscos da ocupação e, assim como em qualquer outro trabalho, tem horário para começar e parar de trabalhar. Sendo profissional, ele pode se frustrar quando não tiver um dia bom, pois compreende que todos os trabalhos podem ter dias bons e ruins, e ser responsável garante que ele realize seu trabalho de forma sustentável para manutenção de sua saúde e qualidade de vida, assim como daqueles que lhe cercam.”, explica Rafael.

 “Para o apostador recreativo, a responsabilidade reside na forma como encara a aposta. Trata-se de um passatempo, uma ‘fézinha’ que ele faz de vez em quando, e para a qual reserva algum dinheiro. Nesta casualidade, não há nenhum compromisso sério e, ganhando ou perdendo, nenhum prejuízo será tão significativo e impactante que lhe faça, por exemplo, perder noites de sono, vender bens para pagar dívidas de antigas apostas, desenvolver quadros depressivos ou querer tirar a própria vida. Se você já vivenciou ou vivencia situações destrutivas como essas, você não está apostando de forma responsável, e provavelmente precisa de ajuda para lidar com isto.”, completa.

Quando as apostas deixam de ser um lazer e se tornam um problema 

 Para o psicólogo, nem sempre é fácil o adicto perceber que está com o problema. “Os sinais costumam ser mais evidentes para as pessoas no entorno do que para a própria pessoa adicta. O que estas pessoas estão notando pode estar relacionado a aspectos comportamentais que parecem não pertencer ao repertório daquele indivíduo, como: intenso isolamento social, baixa autoestima, fisionomia abatida, perda ou ganho de peso, afastamento das ocupações laborais, descuido com a higiene pessoal, uso excessivo do celular ou tempo demais no computador.”.

 Rafael, porém, dá dicas de como o próprio apostador pode perceber que tem algo de errado. “Para o próprio indivíduo que tem um problema com apostas, é possível notar: insônia, culpa intensa por estar fazendo algo improdutivo, endividamento, intolerância à frustração aguda, anulação da própria vontade, humor deprimido e afastamento de pessoas próximas. Este último, em alguns casos, pode ser o gatilho para a busca de ajuda profissional.”.

 O Papel das Emoções negativas 

As emoções ditas “negativas” também desempenham um papel importante neste ciclo de frustração e vício. “O que chamamos de emoções negativas, como raiva, tristeza, tédio, angústia e ansiedade, na verdade não são negativas, mas nos referimos assim a elas porque são emoções desconfortáveis. E há uma razão muito positiva para isto. Elas são respostas do nosso corpo a eventos estressantes, ansiogênicos, constrangedores, ou ameaçadores, que nos avisam de algo que precisamos nos proteger.”, afirma o psicólogo.

Porém, de acordo com o especialista, essas emoções podem ter outro efeito nos jogadores com problemas de apostas. “Para lidar com estas emoções, é preciso aprender a percebê-las, nomeá-las, e antes mesmo de se afastar ou anestesiá-las, permitir que elas aconteçam, fluam, até que se acomodem dentro de nós. Mas não é isto que apostadores frustrados fazem. Muitas vezes, eles buscam na própria aposta uma forma de compensar, remediar, atenuar ou ofuscar a presença de emoções desconfortáveis”.

O psicólogo prossegue: “Aí há um grande problema, porque às vezes eles conseguem (ofuscar as emoções desconfortáveis), e esse alívio recompensador, apesar de temporário, o faz apostar mais, até que encontrem novamente a frustração, e nesses casos ela vem com ainda mais intensidade, pois acompanha uma esperança efêmera de que em algum momento ele ganhará a aposta novamente e que com aquele dinheiro resolverá todos os seus problemas.”

 Como se proteger do vício 

Segundo o psicólogo, não existe fórmula mágica para impedir que alguém caia na armadilha do vício. “Seria inapropriado propor uma receita infalível para se proteger de qualquer vício, pois as mecânicas por trás dele são bio-psico-sociais. Ou seja, há motivos biológicos, ligados à constituição genética de cada pessoa. Há componentes psicológicos, subjetivos e ligados à percepção de cada indivíduo sobre a sua experiência existencial. E há fatores sociais, ligados ao nosso tempo histórico, interações que fizemos ao longo da vida e às marcas que estas interações nos deixaram.”

 Porém, ele deixa uma dica importante: “Para quem não se descobriu ainda viciado em algo, sugiro que busque autoconhecimento, conheça suas limitações, entre em contato com seus desequilíbrios e aproprie-se de suas emoções. São elas muitas vezes o gatilho para o desenvolvimento de um vício, qualquer que seja: apostas, drogas, pornografia, chocolate, adrenalina. Não importa o vício, todos eles dizem algo sobre você mesmo que você provavelmente ainda não sabe.”

 Para quem já se descobriu com vício em algo, o psicólogo também deixa um alerta: “Se você já possui um vício e deseja se proteger, o autoconhecimento também é um caminho possível. A ajuda profissional de um psicólogo poderá fortalecer sua autoestima, identificar os seus gatilhos, reestabelecer e fortalecer sua vontade, planejar melhor sua rotina e reconhecer melhor suas próprias emoções. Com isto, você fará escolhas melhores.”, conclui.

 Afinal, é possível apostar com responsabilidade?

Mas, afinal, existe como apostar de uma maneira responsável? O psicólogo acredita que sim, desde que os devidos cuidados descritos ao longo do texto sejam tomados. “Sim, claro que é possível apostar de uma maneira saudável. Para isso, é essencial que o apostador saiba os seus limites, tanto psicológicos quanto financeiros e de tempo, para que não haja nenhum tipo de prejuízo à sua vida. A pessoa que souber fazer das apostas apenas uma atividade como qualquer outra, sem nenhum tipo de perda de qualidade existencial, dificilmente terá problemas com elas.”, finaliza.

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