Desde o começo de sua carreira, no início dos anos 1990, a diretora e roteirista Catherine Corsini tem flertado com a homossexualidade, mas é a primeira vez que ela encara o assunto.

Foram mais de 20 anos rondando o tema. Por que só agora?

Tem a ver com minha trajetória. Desde Les Amoureux, de 1993, eu filmo gays, mas eram secundários. Houve uma série de circunstâncias. Vi um documentário muito bonito, Les Invisibles, de Sébatien Lifshitz, contando a história de pares gays que tiveram de viver muito tempo no armário.

Ocorreu de o casamento gay virar um tema polêmico na França. Houve o filme de Kechiche, A Vida de Adèle. Minha companheira, Elisabeth Perez, que produz meus filmes, me incentivou – “É agora!” E fizemos esse filme para que as mulheres também tenham o seu O Segredo de Brokeback Mountain.

É um filme autobiográfico?

Diria que é mais pessoal, porque me dividi entre Carole, a parisiense, e Delphine, a interiorana. Venho do Limousin e, como Delphine, só consegui me liberar quando me instalei em Paris, nos anos 1980. Havia muita vergonha de assumir, naquela época.

A paisagem interiorana é magnífica…

…Passei aí minha infância e juventude no Limousin. Volto sempre. Se a cidade me libertou, o interior é minha casa. Preciso da natureza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.