Toda morte é lamentável e toda forma de violência, abominável, sobretudo as que derivam em fatalidade. O Brasil, como repito com incansável frequência, é um país violento que, infelizmente, adotou, como espécie de traço cultural, a barbárie.

Os brasileiros se matam como nenhum outro país no mundo. Aliás, nações em guerra (interna e externa) costumam, inclusive, observar menos vítimas fatais por violência que o próprio Brasil. Matamo-nos nas ruas, nas arquibancadas, em casa, nas urnas…

Ano passado, o Brasil bateu o próprio recorde de feminicídio. É recordista mundial de assassinatos de travestis e transsexuais. É o terceiro país no mundo em mortes de trânsito. Segundo o Atlas da Violência, contamos mais assassinatos que as mortes na Síria.

Em números absolutos, nenhum país mata mais que o Brasil, e em comparação com o mundo, somos o oitavo neste ranking funesto (UNODC). Com menos de 3% da população mundial, respondemos por quase 20% das mortes violentas.

Neste domingo (9/7), em São Paulo, uma briga entre torcedores de Palmeiras e Flamengo terminou em mais uma morte. Uma jovem de 23 anos foi atingida por estilhaços de vidro e não resistiu aos ferimentos. Eu sou pai de uma moça de 17 anos.

Não consigo imaginar a vida dos pais, parentes e amigos íntimos dessa menina daqui pra frente. Não consigo imaginar o buraco aberto na alma de um pai, uma mãe que, de uma hora para a outra, perde o que há de mais importante no mundo.

Não há chaga maior em nossa sociedade que a violência. Nem a desigualdade social, também assassina, consegue ser pior. É o que verdadeiramente torna o Brasil, dentre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento, o pior lugar do mundo para se viver.