Já consagrada há tempos para vacinar animais criados em fazendas, como cavalos, bois e porcos, e pets caseiros como cães e gatos, a imunização veterinária dá agora um passo revolucionário. A empresa americana de biotecnologia Dalan Animal Health, do Centro de Inovação da Universidade da Geórgia, obteve aprovação experimental do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para a primeira vacina para abelhas e qualquer espécie de inseto no país.

A vacina foi desenvolvida para combater a bactéria Paenibacillus Larvae, conhecida como Loque Americana ou, no Brasil, Cria Pútrida Americana. Ela infecta as abelhas ainda em sua fase larval, causando o declínio da colmeia. Na impossibilidade de vacinação individual, praticada nos rebanhos nas fazendas, o tratamento é feito através da tecnologia de biogenética de preparação imunológica transgeracional, que espalha a imunização pela reprodução da rainha, em espécies como abelhas e formigas.

Campanha de vacinação
Após comerem o imunizante injetado na colmeia, abelhas operárias produzem geleia real que irá alimentar a rainha

A vacina contém uma versão morta da bactéria e é injetada na colmeia. Trata-se de um “docinho”, que será ingerido pelas abelhas operárias. O imunizante é secretado pelas operárias na fabricação da geleia real, néctar que irá alimentar a rainha da colmeia e as larvas. A vacina se deposita nos ovários da rainha e é transferida para os ovos em desenvolvimento, e as larvas eclodem vacinadas e imunes à infecção.

A empresa planeja usar essa tecnologia para desenvolver vacinas para mais invertebrados, como camarão, larvas-da-farinha e outros insetos usados na agricultura. Segundo o presidente-executivo da Apacame (Associação Paulista de Apicultores Criadores de Abelhas Melíficas Europeias), Eloi Silva, a criação desta vacina representa uma revolução para a ciência e é possível que seja aplicada em outros insetos no futuro. Para o apicultor, “a vacina é importante para a preservação das abelhas, que são responsáveis por cerca de 76% da alimentação humana, devido ao trabalho de polinização”.

A polinização feita pelas abelhas está ligada à produção de 76% dos alimentos consumidos pelo homem no planeta

As abelhas estão sob ameaça de extinção. A destruição de habitats naturais, como florestas e pradarias, e os pesticidas podem afetar a espécie. Além disso, também estão sendo atacadas por doenças e parasitas, como varroose e o vírus de dequeenamento. E as mudanças climáticas estão alterando padrões de floração, mudando as condições climáticas ideais para a polinização feita pelas abelhas.

* Estagiário sob supervisão de Thales de Menezes