Para que serve um presidente que não sabe o que fazer? Jair Messias Bolsonaro é um fantasma no centro do poder, um estrupício no comando da República. Não tem cérebro, não tem coração, não tem iniciativas para levar a sociedade a prosperar e trata uma pandemia mortífera como se fosse uma “gripezinha”. Bolsonaro brinca de roleta russa com a vida da população brasileira e só se preocupa em levar adiante sua política medíocre e seu projeto de poder autoritário. Na terça-feira 28, dia em que o Brasil registrou um recorde de mortes pelo coronavírus, 474, e ultrapassou a China em número de óbitos, mais de 5 mil, o presidente, quando questionado sobre a gravidade do problema, respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. Suas palavras escandalizaram o Brasil e o mundo pelo nível de frieza, desumanidade e falta de empatia. Na prática, com seu desleixo, ele renunciou ao exercício da presidência.

Depois de dizer que morreriam menos de 800 pessoas e minimizar as medidas de distanciamento social, o presidente joga a culpa da tragédia nos governadores

A declaração monstruosa do presidente caiu como uma bomba no Congresso Nacional e mostrou que ele perdeu qualquer capacidade de governar. O Brasil tem hoje, segundo o Imperial College, a maior taxa de contágio de coronavírus do mundo, e, mesmo assim, Bolsonaro tenta, de toda forma, acabar com o isolamento social, a única medida que pode conter a rápida progressão da infecção. Para Bolsonaro, porém, isso não é um problema porque “todo mundo vai morrer um dia”. Políticos das mais variadas siglas se manifestaram com indignação contra a posição insana do mandatário. O ponto de coesão das críticas está na responsabilidade pública que Bolsonaro não assume. Trata a pandemia de coronavírus como se não fosse um problema coletivo, que afeta a todos, a ele, inclusive, e condena milhares de pessoas à morte. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) enfatizou a “falta de solidariedade” de Bolsonaro e a deputada Joyce Hasselman (PSL-SP) falou sobre a sua “falta de humanidade”. O senador Major Olímpio (PSL-SP) pediu que “haja um comprometimento do governo com o combate ao coronavírus” e o senador Rogério de Carvalho (PT-SE) denunciou que o presidente “estimulou o contato social” entre as pessoas, como se estivesse empurrando os brasileiros para o precipício.

JOÃO DORIA (PSDB-SP) Governador “Saia da sua bolha, presidente Bolsonaro. Saia dessa sua fábula. Saia do seu mundinho de ódio” (Crédito:Divulgação)

Além de não assumir suas responsabilidades, Bolsonaro joga a culpa dos problemas nos outros. Chamou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de gravatinha, e disse que ele “vem fazendo politicalha em cima dos mortos”. Disse também que a responsabilidade pelas mortes no estado é de Doria. “(Os governadores) não achataram a curva. Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva. A curva taí. Partindo do princípio que o número de óbitos é verdadeiro”, disse Bolsonaro. Até dos dados oficiais ele desconfia, sem considerar que se há erros, não é por excesso, mas por subnotificação. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), respondeu ao presidente dizendo que ele precisa parar de “minimizar mortes e tragédias”. Já Doria convidou Bolsonaro para vir a São Paulo para ver de perto o sofrimento das pessoas: “Saia da sua bolha, do seu mundinho de ódio”.

Para a ONU, políticas econômicas e sociais irresponsáveis no Brasil falham na contenção do vírus e colocam milhões de vidas em risco

Fora do Brasil, a inoperância bolsonarista também tem sido criticada. Até o “amigo” de Bolsonaro e presidente dos EUA, Donald Trump, mandou recado direto para o Brasil. Trump cogita suspender os voos entre os países. Ele criticou a gestão da crise do coronavírus no País em relação à América do Sul. “Se você olhar os dados, vai ver o que aconteceu, infelizmente, com o Brasil”, disse. Com o mesmo olhar, a embaixada americana orienta que seus cidadãos voltem para os EUA, exceto se desejarem ficar por tempo indeterminado. Em nota endereçada para o Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) condenou as práticas do presidente Bolsonaro: “As políticas econômicas e sociais irresponsáveis do Brasil colocam milhões de vidas em risco”. O documento questiona: “Economia pra quem?”. Várias cidades brasileiras já estão enfrentando o colapso de seus serviços de saúde e ainda não conseguem vislumbrar o enfraquecimento da curva de contágio.

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JOICE HASSELMAN (PSL-SP) Deputada Federal “E daí, presidente? É muita falta de humanidade e de amor pelos brasileiros” (Crédito:Divulgação)

Enquanto Bolsonaro comete atrocidades, em Manaus (AM), o caos é tamanho, que vivos e mortos ficam nas mesmas alas dos hospitais por muito tempo. Valas coletivas são abertas e estima-se que, em maio, o número de enterros tenha pico de mais de 4 mil cadáveres. Caminhões frigoríficos são utilizados para o transporte de corpos, o que assombraria qualquer pessoa, menos Bolsonaro. O cenário contradiz qualquer mensagem de que a Covid-19 não traria impactos catastróficos ou mortes.
Bolsonaro anunciou no início da pandemia que a “gripezinha” era retratada com “histeria”. O ataque sistemático à imprensa, governadores e prefeitos se mostrou irresponsável e incoerente. Bolsonaro é um personagem que vive dentro das suas convicções e nega qualquer fato real que contrarie seus interesses. Mesmo o ministro da Saúde, Nelson Teich, outro inoperante que não se comunica com os governos estaduais e até agora não disse a que veio, não consegue negar que a pandemia está em curva ascendente.

Frente a tantos problemas e com inúmeras declarações inapropriadas, o presidente é incapaz de se arrepender de seus atos e rever qualquer loucura proferida. Seu exemplo influencia diretamente algumas pessoas, como seus apoiadores e, em especial, seus filhos, que, pelo jeito, seguem o mesmo caminho delirante do pai. “Prefiro morrer transando do que tossindo”, disse Jair Renan, filho mais novo de Bolsonaro de apenas 22 anos, chamado pelo presidente de 04. Jair Renan disse também que a pandemia é uma “invenção da mídia”. O presidente é o pior dos exemplos para as famílias, inclusive para a sua própria. Ele intensifica seus ataques com uma metralhadora giratória desfocada da realidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido um dos principais alvos de suas agressões, por conta das recomendações médicas para combate ao coronavírus e da racionalidade que traz para a luta contra a pandemia. Em vez de seguir suas recomendações, Bolsonaro lança uma cortina de fumaça sobre os fatos realmente importantes e, sem citar fontes, sugere que a OMS recomenda que crianças se masturbem, tenham precoce vida sexual e incentiva a homossexualidade, como se isso tivesse importância diante dos mais de 230 mil mortos pelo vírus no mundo.

Apesar dos números oficiais indicarem 86 mil infectados, especialistas calculam que há mais de 1 milhão de pessoas contagiadas no País

Estima-se que apenas uma a cada dez pessoas infectadas pelo coronavírus seja identificada. O fato é que todos os indicativos apontam para a existência de uma subnotificação que não mostra onde as pessoas estão infectadas e, assim, fica quase impossível tratar o problema. Os casos podem ser muito mais numerosos, conforme informa o médico infectologista Antônio Bandeira, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Ele entende que já existam, nesse momento, “mais de 1 milhão” de infectados no Brasil, apesar de os números oficiais serem de algo em torno de 86.000, até quinta-feira 30. Isto porque 80% das pessoas não sentirão sintomas graves e não entrarão nas estatísticas. A projeção de mortos é de 25.000 e pode aumentar, e até dobrar, dependendo das medidas do governo. “E daí?”, pergunta Bolsonaro. O médico critica a postura indiferente de quem pensa em flexibilizar o isolamento, como quer o presidente. “Se acabar totalmente com o distanciamento social, será um verdadeiro genocídio”, afirma. Mas Bolsonaro não se importa. A morte dos semelhantes não causa qualquer compaixão no presidente. Assim é o psicopata. Psicopatas são ruins e refratários a qualquer tipo de tratamento conhecido pela psicologia e psiquiatria. Mas se é impossível tratar o presidente, para o Brasil há tratamento: basta retirá-lo do cargo. Nessa altura, esse é o melhor caminho para o País, já que Bolsonaro não serve mesmo para nada.


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