É comum ficar triste nas festas de final de ano? Psiquiatras explicam

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Com a chegada do fim do ano, chega também um momento de mudanças no dia a dia e quebra da rotina. Para muitas crianças e adultos, Natal e ano novo são datas esperadas durante todo o ano, oportunidades de se reunir com pessoas amadas e comemorar com momentos de muita alegria. Para outras pessoas, no entanto, os últimos dias do ano são repletos de momentos de angústia e depressão.

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O estado de espírito triste ou ansioso em meio à mudança de atmosfera trazida pelas festas de fim de ano pode ser caracterizado como “holiday blues” (tristeza de feriado, em uma tradução livre). Apesar de não ter sido estudada com afinco, os psiquiatras e pesquisadores neurocientíficos do “The Conversation”, de onde são as informações, já entendem alguns fatores que contribuem para essa condição.

Por que as pessoas se sentem tristes no fim do ano?

Além das expectativas colocadas sobre a ocasião, outros fatores podem causar os “holiday blues”. Memórias de feriados passados, por exemplo, sejam elas afetuosas ou tristes, podem causar uma sensação de “perda”. Você pode sentir falta de pessoas que não estão mais ao seu lado, e perpetuar tradições feitas quando elas ainda estavam pode ser um forte lembrete de sua ausência.

O sentimento de obrigação — social ou financeira — também pode ser significante. Comprar presentes pode gerar estresse, principalmente enquanto tenta-se encontrar o meio-termo entre o item perfeito para cada membro da família e uma conta bancária limitada. 

Por ser um momento de se reunir com outras pessoas, o fim de ano também pode bagunçar algumas emoções. Muitas pessoas encontram-se longe de suas famílias e amigos, isolados e retraídos, o que pode ser uma grande fonte de angústia. Por outro lado, algumas se sentem oprimidas com a quantidade de amigos secretos e outras confraternizações: devo decepcionar pessoas próximas ou me sentir esgotada com tanta socialização?

Expectativas altas

Pessoas frequentemente se desapontam com a realidade após criar altas expectativas para uma situação. O Natal é conhecido como uma época de alegria, presentes e finais felizes, e isso é representado exaustivamente em filmes e outros especiais de Natal, o que pode gerar uma expectativa irreal de como essa época deve ser para alguns. 

Na vida real, inevitavelmente, acontecem desencontros e discussões sobre como as coisas devem ser. Nem todos os membros da família se dão bem — e não de uma forma cômica —, e isso também pode representar uma quebra da expectativa de união que o fim do ano traz. E as decepções podem ter um efeito cascata: ao ser decepcionada ou ficar chateada, uma pessoa pode procurar refúgio nas redes sociais, que proporcionam uma visão ainda mais irreal do período.

O que fazer para minimizar os ‘holiday blues’?

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Estabeleça expectativas realistas: reformule a sua concepção do que as festas de fim de ano deveriam ser. Nem todas as celebrações serão perfeitas: as decorações podem quebrar, as crianças podem estar com sono e não se animarem com seus presentes, você pode não ganhar o que queria de amigo secreto. No entanto, isso não deve te impedir de curtir o momento.

Crie limites: você não precisa ir a todas as confraternizações que for convidada. Estabeleça limites sociais e financeiros do que você está disposta a fazer e quanto pode gastar.

Socialize: se você estiver longe da família ou se sentindo sozinha, não se isole. Confraternize com os amigos, seja voluntária de abrigos e instituições e, se gostar, frequente eventos religiosos para manter a solidão bem longe.

Crie novas memórias: começar uma nova tradição, sozinha ou com outras pessoas, pode ser uma boa forma de superar a tristeza e a sombra das memórias do passado.

Cuide-se: lembre-se da importância do autocuidado. Beber e comer em excesso pode atenuar os sintomas de ansiedade e depressão. Busque praticar exercícios físicos e outros hobbies.

Os “holiday blues” são uma condição temporária, por isso, é importante atentar-se aos sinais de uma possível depressão clínica. Se você acredita que sua tristeza não é passageira, consulte um psicólogo e um psiquiatra para orientação.