São Paulo, 12 – O E-agro, plataforma de soluções financeiras e não financeiras do Bradesco, movimentou R$ 2,4 bilhões em recursos em 2024, informou o banco. Este valor representa avanço de 380% em comparação com seu primeiro ano de operação, 2023, quando os negócios somaram R$ 500 milhões.
Para a head do E-agro, Nadege Saad, o resultado positivo obtido mesmo em um ano de safra menor de grãos e de Selic em alta é explicado pelo fato de o E-agro oferecer juros mais baixos do que os disponibilizados pelo próprio banco, na proporção de 1 ponto porcentual a menos.
A oferta de juros mais competitivos foi possível, entre outros motivos, pelo menor custo da plataforma digital em comparação com a estrutura física de um banco, além da multicanalidade e de um corpo de assessores técnicos terceirizados que levam a operação de agricultores para dentro da plataforma, explica.
“Nós vemos uma demanda reprimida do digital por parte de agricultores, que acessam a plataforma em busca de uma boa jornada, além de crédito mais barato”, disse Saad ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. As Cédulas de Produto Rural (CPRs) representaram 90% do que foi originado na plataforma em 2024, avanço de 400% em relação a 2023. Já o Plano Safra (custeio agrícola e pecuário com recursos controlados e livres) representou 10% do resultado. “Quando olhamos para um produto digital, acabamos fazendo as jornadas em cima do produto mais versátil, caso da CPR para o agricultor e para o digital, em comparação com os recursos obrigatórios.”
Segundo a executiva, além da redução de exigências burocráticas para a obtenção da CPR, que pode ser tomada em apenas sete passos, este também foi o primeiro ano em que o E-agro trabalhou com a opção de utilizar recursos obrigatórios, que são compartilhados com o Bradesco, nas linhas do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
De acordo com a head do E-agro, a ideia é aumentar a fatia dos recursos obrigatórios para 30% em dois anos – em 2024 o E-agro gerou R$ 250 milhões em crédito vinculado ao Plano Safra, enquanto o Bradesco foi responsável por R$ 50 bilhões em recursos. Além disso, diz a executiva, “tornar a jornada tão fluida quanto já ocorre para a obtenção da CPR”. “A CPR foi o nosso principal produto porque, utilizando-a, o produtor consegue comprar bens dentro da própria plataforma, como uma máquina ou um pacote de insumos, por exemplo, e financiar essas aquisições”, explica, e prossegue: “Já com o Pronaf ou o Pronamp o produtor só consegue tomar os recursos”.
Para 2025, a meta é dobrar de tamanho na originação de recursos, em comparação com o primeiro semestre de 2024, além de expandir em 50% a base de 52 mil clientes ativos e aumentar as parcerias estratégicas de 70 para 100. Apesar da perspectiva de uma safra maior, a taxa de juros básica da economia, a Selic, mais alta pode ser um obstáculo, adverte a executiva. “Sabemos que vai ser um ano mais difícil, mas estamos otimistas porque há vários segmentos no mercado tracionando e o agronegócio não para”, diz Saad.
De todo modo, o E-agro trabalha também com o cenário de que, com os juros altos, o agricultor opte por não contratar crédito e se financie com recursos próprios. “Mas também há quem vá tomar crédito no Plano Safra, que costuma ter taxas mais vantajosas”, espera. Sobre o risco de inadimplência e recuperações judiciais, a executiva diz que o E-agro adotou a postura de “cautela positiva, sem deixar de atender à necessidade do agricultor”.
Os projetos para o ano ainda incluem o lançamento de uma ferramenta de inteligência artificial capaz de buscar documentos para a concessão da CPR – hoje, a IA faz apenas a análise de documentos -, atender produtores que atuam como pessoa jurídica e um cartão de crédito do E-agro, além de programas de pontos. “A grande vantagem é colocar uma dinâmica de varejo no cartão de crédito, com pagamento no fim da safra”, diz Saad, destacando que o produto deve ser lançado no segundo semestre, assim como a IA.
Os planos também contam como uma parceria com a Livelo, o programa de benefícios e pontos ligado ao Bradesco, e levar mais conectividade para o campo, missão que a executiva considera “essencial para qualquer empresa que atue no agronegócio”.