A vitória não foi de um nome.

Foi a vitória, apertada, de muitos.

A vitória não foi de um grupo.

Foi a vitória, apertada, de uma ideia.

A vitória não foi de um partido.

Foi a vitória, apertada, da paz.

A vitória não foi de um pacificador.

Foi a derrota, apertada, do confronto.

A vitória não foi do roubo.

Foi a derrota, apertada, da guerra.

A vitória não foi da corrupção.

Foi a derrota, apertada, do autoritarismo.

A vitória, apertada, não foi de Lula.

Foi da democracia.

Lula é o único presidente de nossa história a ter três mandatos.

Bolsonaro é o único presidente de nossa história a não se reeleger.

O governo Bolsonaro acabou.

O ideario de Bolsonaro perdeu.

Mas o Brasil que nasceu no último domingo não foi graças a uma vitória devastadora.

Longe disso.

Foi a vitória mais apertada da História.

Uma vitória onde o candidato eleito teve o maior número de votos da História.

Uma vitória na qual o candidato derrotado teve o segundo maior número de votos da História.

E com tanta História, foi uma vitória histórica.

Não foi uma eleição de números, foi uma conquista, apertada, de humanos.

E esse resultado é um alerta para a divisão que teremos que conviver pelos próximos anos.

Exatamente porque foi uma vitória muito, mas muito apertada, a responsabilidade pelo sucesso do próximo governo, não é de Lula.

É nossa.

Não apenas daqueles que votaram no candidato eleito.

Mas de todos nós.

Chegou a hora de compreendermos que somente a união mudará esse País.

Chegou a hora de acabar de vez com a polarização.

Uma eleição assim, com uma diferença tão pequena de votos, transfere para nós, os eleitores, a obrigação de costurar
o tecido esgarçado da nossa democracia.

Não cabe mais, por nosso futuro, insistir na separação.

Insistir no ódio.

Insistir na divisão.

Insistir em ampliar o abismo que nos divide é o oposto do sucesso que esperamos.

É atirar no próprio pé.

É a hora de esquecer o “eu te disse” ou o “eu te avisei”.

A eleição de Lula, mais do que trazer de volta o risco de um novo Mensalão ou Petrolão, traz uma enorme oportunidade para cada brasileiro.

A chance de unir novamente as famílias e os amigos, não para aceitar, mas para policiar, juntos, o que fará o novo governo.

Nossa sorte não está em quem foi eleito, mas, sim, no fato de ter sido uma vitória apertada

Cobrar a transparência.

Cobrar a honestidade.

Cobrar a paz.

Juntos.

É a hora não de assistir, mas de participar, criticando, apoiando, alertando, juntos, cada ato do próximo governo.

É a hora de nos informarmos por fontes confiáveis.

É a hora de enterrar, de uma vez, a difusão de mentiras e cobrar cada ação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, com consciência e maturidade.

Não é mais hora de brasileiro confrontar brasileiro.

A eleição de Lula, propõe a chance de crescermos como cidadãos.

Não porque Lula venceu.

Mas porque uma vitória apertada nos dá a chance de não estarmos todos cheios de razão e arrogância.

De não nos portarmos, politicamente, como crianças mimadas.

Quatro anos é muito tempo.

E cabe a cada um de nós gastar esse tempo para transformar o Brasil em um País melhor, mais justo, mais sério, mais respeitado por outras nações.

Exatamente porque a vitória foi tão apertada, cabe a nós e não aos políticos, mudar a história de nosso País.