Não. Domingo, 8 de janeiro de 2023, não entra para a História do Brasil como a mais séria tentativa de golpe que nossa democracia já sofreu.

Não foi isso que assistimos.

Impossível acreditar num golpe que estava fadado ao fracasso, desde que a primeira janela do STF foi destruída.

Porque nenhum golpe de Estado ocorre sem a assinatura de uma liderança.

E nenhum nome da política ou dos militares se responsabilizou por esse movimento.

O que assistimos, não foi uma tentativa de golpe e sim um ato de terrorismo inédito em nosso solo.

Um ato terrorista terrível, mas mediocremente executado, porque mesmo que os malucos que serviram de massa de manobra quisessem, mesmo que Lula estivesse em Brasília, pronto para se entregar, não haveria, à frente dos criminosos que assaltaram o centro do poder, quem pudesse assumir um governo golpista.

O que assistimos foi um movimento arquitetado por gente covarde, anônima que pagou pelas passagens de ônibus que levaram esses milhares de tresloucados manifestantes para Brasília, apenas para provar que são capazes de instituir o caos.

Gente anônima e covarde que sabia que bastava despejar milhares de ignorantes na Praça dos Três Poderes e deixar esses ensandecidos realizarem seu sonho de destruição.

O que vimos não foi uma tentativa de golpe. Na verdade foi um ato terrorista covarde e com a cumplicidade de membros do atual governo

Um golpe impossível, mas um ato terrorista inequívoco.

O que ocorreu no último domingo foi o maior ato terrorista de nossa História.

Isso sim é inegável.

Um ato terrorista que sinaliza que o governo Lula tem um enorme desafio: encontrar, dentro e fora do quadros do atual governo, quem foi cúmplice desses atos, pois é simplesmente impossível que toda essa destruição tenha ocorrido sem a participação daqueles que fazem parte do governo atual.

Um ato terrorista impossível sem a cumplicidade da Polícia Militar.

Um ato terrorista impossível sem que a Inteligência do governo tivesse sinais do que estava por acontecer.

Um fato é evidente e precisa ser investigado até as últimas consequências: o governo Lula, apenas uma semana após a posse, foi vítima de alta traição de alguns de seus próprios aliados.

Brasília foi atacada e se mostrou absolutamente fragilizada, com o aval de quem deveria proteger nossas instituições.

Verdade que o mundo, a imprensa e setores democráticos da população, aguardavam esse tipo de manifestação antes da posse do presidente Lula.

Os sinais foram óbvios por meses.

Os radicais acampados na frente dos quartéis, os bloqueios das estradas, tudo indicava que a posse seria um desafio para nossa democracia.

Mas como a posse não apenas foi tranquila, como também foi marcada por símbolos de paz, parecia que as atitudes que o governo anterior estimulou por meses tinham sido finalmente superadas.

Era questão de tempo para que os “patriotas”, abandonassem a frente dos quartéis e voltassem para o anonimato de onde nunca deveriam ter saído.

Ninguém poderia esperar que esse ataque ocorreria depois da posse e não antes.

Pois a Lua de Mel terminou uma semana após começar.

E agora os olhos do mundo estão, incrédulos, voltados para Brasília.

Impossível o SNI não saber o que estava por vir.

Se não soube, foi incompetente.

Se soube, foi cúmplice.

Essa investigação passa a ser a principal prioridade do atual governo.

Terroristas invadiram o Planalto, o STF e o Congresso, articulados, pagos e coordenados por inimigos políticos e, evidentemente, por membros do próprio governo.

As semelhanças com o que ocorreu nos EUA são tão óbvias que chegam a ser patéticas.

Nenhum presidente brasileiro teve diante de si um desafio tão grande.

Para governar pelos próximos quatro anos, cumpre a Lula desmontar essa estrutura criminosa de ataque à democracia, que continua viva e atuante.

Dentro e fora de seus próprios quadros.