Terroristas, maconheiros, marginais, desocupados. Foram estes alguns dos adjetivos utilizados pelo presidente para atacar os manifestantes que ousaram, vejam só!, sair às ruas em defesa da democracia e contra o fascismo e racismo.

Bolsonaro se referia a um grupo de não mais que dez ou quinze baderneiros, que iniciaram um pequeno quebra-quebra nas ruas de Pinheiros, em São Paulo, já no final de um ato totalmente ordeiro e pacífico, dias atrás.

Neste sábado (14), o mesmo grupelho, aí, sim, terrorista, que com gente munida de tochas e mascarada, liderada por uma maluca, presa nesta segunda-feira, que adota o mesmo nome (seria artístico ou de guerra?) de uma nazista notória, se postou em frente ao STF e desferiu duras ofensas e ameaças aos ministros há alguns dias, voltou a se reunir em frente à Suprema Corte.

Elevando o tom das ofensas e ameaças, os criminosos despejaram, por seguidos cinco minutos, uma saraivada de fogos de artifício contra o prédio do STF, enquanto policiais militares coniventes e cúmplices assistiam à tudo, impávidos como ursos em hibernação.

Não são poucas as suspeitas de que o ataque tenha sido incentivado pelo Palácio do Planalto e combinado com membros da Polícia Militar do Distrito Federal. Em resposta, o governador Ibaneis Rocha exonerou o subcomandante-geral da PM, e ordenou uma sindicância para que se apure o comportamento omisso da tropa.

No domingo (15), ministros do Supremo condenaram veemente o ato terrorista, bem como algumas autoridades do próprio governo federal. Contudo, do chefe do Poder Executivo, do Presidente da República, tão atento à manifestações de rua contra seu desgoverno aloprado, nenhuma palavra foi ouvida.

Pensando bem, é até melhor assim. Antes o silêncio indecente e obsequioso do Sr. Jair Messias Bolsonaro, do que mais palavras de incentivo à desordem e ruptura democrática. Sara Winter não precisa de mais um maluco babando gosma autoritária no seu ouvido perturbado.