Aos 36 anos, Gilbert Burns, o “Durinho”, mantém a mesma alegria e confiança que o colocaram entre os cinco principais lutadores dos meio-médios do UFC. Não à toa, em maio, chega para sua terceira luta no ano. “Imagino que isso seja um recorde no UFC”, brinca, em entrevista ao Estadão. Realmente é: nunca antes um lutador chegou em maio para realizar sua terceira luta no ano.

O desempenho do brasileiro rendeu elogios do mundo do UFC, principalmente do proprietário da marca, Dana White. No UFC 288, neste sábado, em New Jersey, Durinho não era previsto para estar entre os lutadores do fim de semana. Mas uma lesão de Charles do Bronxs abriu a brecha para que o lutador dos meio-médios se mostrasse à disposição do UFC para suprir a “ausência” do compatriota.

Durinho, em abril, derrotou o veterano Masvidal, no UFC 287. Um mês depois, após Do Bronxs cancelar seu combate com Beneil Dariush, foi às redes pedir por uma nova oportunidade. “Achei que sairia destruído do último embate, mas me surpreendi com meu desempenho”, conta. O brasileiro venceu por decisão dos juízes após três rounds.

Em 2023 já são duas vitórias, que fazem com que Durinho viva seu melhor momento na carreira. Desde 2019, são oito vitórias em 10 jogos. “O UFC disse que seria um dos próximos combatentes ao cinturão. Talvez em outubro. Mas até lá precisaria fazer mais uma luta.”

Adversário neste sábado, Belal Muhammad fará sua primeira luta no ano – realidade completamente diferente de Durinho. “Talvez seja uma vantagem dele estar descansado. Por outro lado, estou me sentindo mais preparado, pela sequência positiva, para encarar mais esse desafio”, diz.

Desde novembro, Durinho cortou alguns itens em sua dieta, o que o facilitaram a ter uma preparação em tempo recorde. Com menos açúcar no seu dia a dia, ele brinca que fez uma preparação “dois em um” para o combate deste sábado. “Vejo minha preparação como a de um time de futebol, que se preparou dois meses para um amistoso e na semana seguinte já tem outro jogo. A preparação já tá feita”, ressalta Durinho.

“A única coisa que muda é estudar o próximo adversário. Neste caso, o Muhammad, e me adaptar a seus pontos fortes e fracos.” Ambos os lutadores seguem na briga pelo cinturão dos meio-médios, hoje em posse de Leon Edwards. Quem vencer neste sábado estará um passo mais próximo de, ao final do ano, fechar a temporada como campeão.

MOMENTO NO UFC

Após a vitória sobre Masvidal, Durinho mostrou toda sua alegria na transmissão do UFC Fight Pass. Trajado com a bandeira do Brasil, agradeceu todo o apoio que teve nos últimos meses. “Já tenho 1 milhão de seguidores no Instagram e meu canal no YouTube está começando a crescer. É muito bom ter esse reconhecimento do público e do UFC. Ter bilhões de pessoas me assistindo é impressionante.”

No UFC 288, Durinho busca explorar ao máximo seu momento na organização. “O mundo é um ciclo. Entendo que a fase boa não dura para sempre, mas é importante aproveitar estes momentos em alta. Pode ser que a vitória não venha sábado, mas o importante é estar preparado.”

“É um risco que eu corro querer abraçar tudo ao mesmo tempo e fazer a terceira luta em cinco meses. Mas eu não faria isso se não me sentisse pronto.” Ao final do ano, além de sonhar com o cinturão, Durinho espera seguir com seu ótimo momento na organização: invicto e, se seguir com sua preparação, chegando a um eventual quarto combate – algo que nunca aconteceu em sua carreira.

“Eu não me lembro de todos que eu enfrentei, mas estes últimos cinco meses foram inéditos: três lutadores fortes, ranqueados. Acho que poucos fizeram isso”, afirma.