Durante mais de sete horas e meia, as astronautas americanas Christina Koch e Jessica Meir realizaram juntas nesta sexta-feira (18) a primeira caminhada espacial com uma equipe totalmente feminina, estabelecendo um marco histórico para o programa espacial.

“Foi uma grande honra, um símbolo da exploração para todos aqueles que ousam sonhar e trabalhar duro para realizar seu sonho”, disse Jessica Meir, uma bióloga marinha de 42 anos, recrutada em 2013 pela Nasa após sete horas e 17 minutos no espaço.

A caminhada fora da Estação Espacial Internacional (ISS) começou oficialmente às 11H38 GMT (08H38 de Brasília).

Koch e Meir trabalharam na substituição de uma unidade de carga e descarga de baterias que deixou de funcionar no fim de semana passado.

A manobra desta sexta foi anunciada pela Nasa na segunda-feira passada e faz parte de um processo mais amplo que está em andamento para substituir as baterias antigas de níquel-hidrogênio por novas unidades de íons de lítio, que possuem maior capacidade.

Koch, engenheira elétrica, lidera Meir, doutora em biologia marinha e que está realizando sua primeira caminhada espacial, também conhecida como “atividade extraveicular”.

O primeiro passeio espacial feito pelas duas astronautas estava marcado para março, mas a Nasa teve que cancelar quatro dias antes porque elas não tinham os trajes do tamanho certo para cada uma.

“Queremos garantir que o espaço esteja disponível para todas as pessoas, e esse é outro marco nessa evolução”, afirmou o administrador da agência espacial americana Jim Bridenstine, numa entrevista à imprensa poucos minutos antes de Koch e Meir darem início à histórica missão.

– “Valentes e brilhantes” –

A Nasa, tradicionalmente dominada por homens, recebeu críticas de várias frentes após a fracassada missão feminina de março, que, para essas vozes, representava uma evidência do sexismo implícito na cultura da agência espacial americana.

O presidente Donald Trump entrou em contato com as astronautas através de uma chamada de vídeo quando eles flutuavam no vácuo, a 415 km de altura acima do Oceano Índico, à velocidade habitual de 9 km / s.

“Vocês são mulheres muito corajosas e brilhantes”, disse Trump a Koch e Meir. “Representam este país muito bem”, acrescentou o presidente. “Estamos muito orgulhosos de vocês”.

Meir respondeu prestando homenagem às pioneiras do passado. “Houve muitas outras mulheres que caminharam no espaço antes de nós”, disse essa bióloga marinha de 42 anos que foi recrutada pela Nasa em 2013.

Depois do contato, as astronautas voltaram ao trabalho de reparo. “Essa é uma bela paisagem”, disse uma delas em um momento em que a Terra era iluminada pela luz brilhante do sol.

Ken Bowersox, vice-administrador interino da Nasa disse que espera que uma caminhada espacial conduzida apenas por mulheres em breve se torne uma questão de “rotina” e não exija uma celebração.

A pré-candidata democrata à presidência Kamala Harris declarou que a caminhada espacial foi mais que histórica. “É um lembrete de que, para as mulheres, nem o céu precisa ser o limite”, escreveu no Twitter.

Em 1983, Sally Ride se tornou a primeira mulher americana a viajar para o espaço, como membro da sétima missão do ônibus espacial.

Hoje, o número de astronautas mulheres de origem americana excede o de qualquer outro país.

Mas quem ostenta o recorde de ter sido a primeira mulher no espaço é a cosmonauta Valentina Tereshkova, da antiga União Soviética, em 1963, seguida por sua compatriota Svetlana Savitskaya em 1982, que viria a ser a primeira mulher a realizar uma caminhada espacial dois anos depois.

– 2024, ano lunar –

Os Estados Unidos estão atualmente desenvolvendo uma missão chamada Artemis, irmã gêmea de Apolo da mitologia grega, com a qual pretendem retornar à Lua depois de mais de 50 anos, e incluirão mulheres em suas equipes de astronautas.

Possivelmente, também poderá compreender uma missão composta apenas por mulheres.

A data prevista para o primeiro desses novos pousos tripulados na Lua, considerados improváveis por vários especialistas, é o ano de 2024.

A Artemis também deve funcionar como o primeiro estágio de uma futura expedição que levará humanos a Marte na década de 2030.