Drones voltam a sobrevoar instalações militares na Dinamarca

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A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, fala com a imprensa à sua chegada a uma cúpula da União Europeia, em 20 de março de 2025 em Bruxelas - AFP/Arquivos Foto: AFP

Após uma semana tensa em que o avistamento de drones levou ao fechamento de aeroportos na Dinamarca, autoridades do país registraram mais um episódio na noite desta sexta-feira (26/09), desta vez na maior base militar do país.

A Noruega também investiga se foi alvo de ação semelhante após avistar drones não identificados numa área próximo a Orland, principal base de seus caças F-35 e ponto importante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Já na Alemanha, o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, declarou neste sábado que um “enxame” de drones teria sido avistado no dia anterior ao norte do país, próximo à fronteira com a Dinamarca, e prometeu rever as leis do país para permitir que tais dispositivos sejam abatidos pelas Forças Armadas.

No caso da Dinamarca, as Forças Armadas não identificaram a localização exata em que os drones foram avistados, mas a polícia mencionou a base aérea de Karup, no oeste do país. O local é a principal base da Força Aérea Real Dinamarquesa e abriga todos os helicópteros, equipamentos de vigilância aérea e a escola de aviação.

É em Karup também que ficam partes do comando de defesa da Força Aérea, segundo seu site institucional.

“Posso confirmar que tivemos um incidente por volta das 19h15 da noite [horário local] que durou algumas horas. Um dos dois drones foram observados do lado de fora e sobrevoando a base área [de Karup]”, afirmou o policial Simon Skelsjaer à agência de notícias AFP. “Nós não os abatemos.”

A polícia dinamarquesa não comentou sobre de onde os drones vieram, e informou que coopera com os militares na investigação do episódio.

A base de Karup compartilha suas pistas de pouso com o aeroporto civil de Midtjylland – que, segundo Skelsjaer, chegou a ser fechado por alguns instantes, mas com pouco impacto para a aviação civil, já que não havia voos comerciais marcados para aquele horário.

Dinamarca fala em “ataques híbridos”

O episódio desta sexta-feira é o mais recente de uma série de outros incidentes com drones que levaram a Dinamarca a fechar temporariamente vários aeroportos nesta semana, inclusive o da capital, Copenhague.

Ao comentar o caso, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen falou em “ataques híbridos” e descreveu-o como o “mais grave ataque até agora à infraestrutura crítica dinamarquesa”. “Há um principal país que representa uma ameaça à segurança da Europa, e este país é a Rússia.”

O Kremlin declarou na quinta-feira “rejeitar firmemente” qualquer sugestão de envolvimento nos episódios com drones na Dinamarca. Via redes sociais, a embaixada russa falou em “provocação encenada”.

Os voos de drone começaram poucos dias depois de a Dinamarca anunciar planos para comprar, pela primeira vez, armas de precisão e longo alcance, argumentando que a Rússia seguiria sendo uma ameaça “por muitos anos”.

Episódios semelhantes também foram registrados recentemente na Polônia e na Romênia. Já a Estônia anunciou, no início da semana, que teve seu espaço aéreo violado por caças russos, e que precisou escoltá-los de volta com a ajuda de caças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) operados por Finlândia, Itália e Suécia.

“A Rússia está sendo acusada de quase planejar atacar a aliança do Atlântico Norte (Otan) e os países da União Europeia”, queixou-se o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, em fala à Assembleia Geral da ONU neste sábado. “A Rússia nunca teve e não tem nenhuma intenção do tipo. Contudo, qualquer agressão contra meu país terá uma resposta decisiva.”

Falando depois a repórteres, Lavrov advertiu que se qualquer país abater objetos no espaço aéreo russo, “vão se arrepender muito”.

A declaração vem em um momento em que a Otan tem cogitado abater caças russos. A possibilidade foi ventilada pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alemanha quer abater drones

A UE também suspeita que a Rússia esteja por trás das incursões, algo que Moscou nega.

“A Rússia está testando a UE e a Otan, e nossa resposta tem que ser firme, unida e imediata”, declarou a jornalistas o comissário europeu para Defesa, Andrius Kubilius, nesta sexta-feira, ao defender a criação de um “muro antidrones” para defender o bloco de futuras violações de seu espaço aéreo.

Na Alemanha, o governo quer autorizar as Forças Armadas a abater drones que representem um risco à segurança ou à infraestrutura, segundo notícia publicada neste sábado (27/09) no tabloide Bild. A decisão ficaria a cargo do Ministério da Defesa.

Os planos de Berlim também incluem medidas técnicas e operacionais como o reconhecimento, classificação e defesa eletrônica de drones – por meio, por exemplo, de interferência de sinal ou de sistemas que permitam assumir o controle de dispositivos aéreos não tripulados, hackeando-os.