Drones atribuídos à Rússia na Polônia elevam tensão com Otan

ROMA, 10 SET (ANSA) – A Polônia abateu em seu espaço aéreo uma série de drones atribuídos à Rússia na madrugada desta quarta-feira (10) e alertou que a humanidade nunca esteve tão perto de uma nova guerra mundial.   

A resposta à incursão foi coordenada com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e envolveu caças militares poloneses e holandeses, aviões de reconhecimento italianos e sistemas antiaéreos Patriot da Alemanha.   

“Verificou-se uma violação sem precedentes do espaço aéreo polonês por parte de drones. Trata-se de um ato de agressão que criou uma ameaça real à segurança de nossos cidadãos”, disse o comando operacional do Exército de Varsóvia.   

Os destroços de um drone chegaram a atingir uma casa no vilarejo de Wyryki-Wola, perto da fronteira com Ucrânia e Belarus, mas ninguém ficou ferido. “As pessoas ouviram a explosão e também viram os caças poloneses”, contou o prefeito Mariusz Zanko.   

O premiê Donald Tusk afirmou que foram registradas pelo menos 19 violações do espaço aéreo polonês entre a noite de terça-feira (9) e a manhã desta quarta, enquanto o Ministério do Interior relatou que as autoridades já encontraram sete drones e os “restos de um míssil de origem não identificada”.   

“Essa situação coloca todos mais perto de um conflito aberto, mais perto do que nunca do que foi a Segunda Guerra Mundial. Já tínhamos uma guerra de vasta escala na fronteira russo-ucraniana, e agora temos algo que ultrapassa os limites da provocação”, disse Tusk, que teme que a Polônia seja o próximo objetivo de Moscou após uma eventual queda de Kiev.   

“A Polônia tem hoje um inimigo político que não esconde suas intenções hostis. Precisamos concentrar nossos esforços e nossas capacidades para defender a Polônia contra a verdadeira ameaça”, alertou.   

O premiê também acionou o artigo 4 da Otan, que prevê que um país-membro possa pedir consultas quando considerar que sua integridade territorial e segurança estão sob ameaça.   

Além disso, o governo polonês convocou o encarregado de negócios da Embaixada da Rússia em Varsóvia, Andrei Ordash, para protestar contra a incursão. O diplomata, no entanto, declarou que “não foi apresentada nenhuma prova de que os drones tenham origem russa”.   

Já o secretário da Otan, Mark Rutte, prometeu que a aliança defenderá “cada centímetro de seu território”. “Minha mensagem a Vladimir Putin é clara: pare a guerra na Ucrânia e a escalada bélica, pare de violar o espaço aéreo dos aliados [da Otan] e saiba que estamos prontos”, acrescentou.   

A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, também se pronunciou e ofereceu solidariedade a um dos maiores países-membros do bloco. “A guerra da Rússia está se intensificando e precisamos aumentar os custos para Moscou, além de investir na defesa da Europa”, afirmou.   

Por sua vez, o vice-premiê e ministro das relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, definiu a invasão do espaço aéreo polonês como “gravíssima e inaceitável”, além de uma “ofensa à segurança de toda a área euro-atlântica”. “Toda provocação deve ser rechaçada com firmeza e união por parte da Europa”, salientou. (ANSA).