Dois pontos separam o Santos do Bahia, 17º colocado e o primeiro na zona de rebaixamento. Entre eles, há o Vasco. Ao longo de todo o Campeonato Brasileiro, a equipe paulista flertou com a queda: iniciou a temporada com Odair Hellmann, teve dois breves trabalhos com Paulo Turra e Diego Aguirre e chega para a última rodada da competição dependendo apenas de si para permanecer na primeira divisão. Na 15ª posição, o Santos, segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais, tem 6,2% de risco de ser rebaixado. Mesmo se perder, permanecerá na Série A em caso de tropeços de Vasco (16º) ou Bahia.

Desde 2003, quando o Brasileirão passou a ser disputado por pontos corridos, em 15 edições um dos 12 grandes (Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco) correu risco de queda na penúltima rodada. Destes, em apenas uma ocasião o rebaixado não figurava entre os quatro piores times do campeonato: o Corinthians, em 2007.

Coincidentemente, o Corinthians daquele ano somava a mesma pontuação que o Santos tem após a 37ª rodada desta temporada: 43 pontos. Assim como neste ano, o time alvinegro dependia apenas de si para permanecer na primeira divisão, mas o empate por 1 a 1 com o Grêmio e a vitória do Goiás diante do Internacional garantiu o primeiro – e único – rebaixamento do Corinthians em sua história.

Assim, o Santos tem a seu favor a vantagem de dois pontos sobre o Bahia, a baixa probabilidade de rebaixamento (segundo a UFMG) e o histórico dos outros campeonatos. Além da estatística dos grandes, em apenas 35% das edições do Brasileirão houve uma mudança na zona de rebaixamento na última rodada: Fortaleza (2003), Corinthians (2007), Coritiba (2009), Portuguesa (2013), Avaí (2015), Coritiba (2017) e Bahia (2021).

Em 2013, a Portuguesa, apesar de correr risco de queda antes da rodada derradeira, evitou a queda ao empatar por 0 a 0 com o Grêmio, no Canindé. Posteriormente, a Procuradoria Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciou o clube pela escalação irregular de Hevérton naquele jogo, o 38º do torneio. O jogador estava suspenso e não poderia ter sido utilizado na partida final. No julgamento, o clube foi punido com a perda de quatro pontos, passando da 12ª para 17ª colocação. Com 46 pontos, o Fluminense foi “salvo” no tribunal e permaneceu na Série A.

O QUE O SANTOS PRECISA PARA SE SALVAR?

O Santos tenta evitar o primeiro rebaixamento de sua história para não repetir o roteiro do Corinthians de 2007. Para isso, uma vitória simples garante o time da Vila na Série A em 2024.

Se perder ou empatar, dependerá de tropeços de Bahia ou Vasco para se manter na elite do futebol nacional. Se cair, vai perder receita. O que preocupa a equipe do treinador Marcelo Fernandes, que não ficará no comando do time, é o saldo negativo de gols (24, antes da última rodada). Se o Bahia vencer o Atlético-MG, Vasco empatar com o Red Bull Bragantino e o Santos for derrotado pelo Fortaleza, é a equipe paulista que terminará rebaixada à Série B.

EM QUAIS CENÁRIOS O SANTOS É REBAIXADO?

Considerando todos os resultados possíveis (vitória, empate ou derrota) para os duelos de Bahia, Santos e Vasco, há 27 cenários possíveis para o final da rodada – por análise combinatória, chega-se ao resultado a partir de três elevados à terceira potência. Destes, o time paulista terminará o Brasileirão rebaixado em apenas três (11,1%). Bahia, que já está na zona da degola, é rebaixado em 16 dos cenários, enquanto o Vasco, que assim como o Santos depende apenas de si, em oito.

Se o Santos vencer, não é rebaixado. Esse resultado já elimina nove possíveis cenários. Se perder, é rebaixado em duas situações: vitórias de Vasco e Bahia ou vitória do Bahia e empate do Vasco. O terceiro cenário, que faz com que a equipe da Vila Belmiro dispute a Série B em 2024, se dá em caso de empate contra o Fortaleza e vitórias dos outros clube que lutam para escapar do rebaixamento.

Ocasiões em que os 12 grandes chegaram à última rodada com risco de queda (em destaque os rebaixados):

2003 – Fluminense e Grêmio

2004 – Flamengo, Botafogo e Atlético-MG

2005 – 0

2006 – 0

2007 – Corinthians

2008 – Vasco (zona do rebaixamento)

2009 – Fluminense e Botafogo (zona do rebaixamento)

2010 – Flamengo

2011 – Cruzeiro

2012 – 0

2013 – Fluminense e Vasco (ambos na zona do rebaixamento)

2014 – Palmeiras

2015 – Vasco (zona do rebaixamento)

2016 – Internacional (zona do rebaixamento)

2017 – 0

2018 – Fluminense e Vasco

2019 – Cruzeiro (zona do rebaixamento)

2020 – Vasco (zona do rebaixamento)

2021 – Grêmio (zona do rebaixamento)

2022 – 0

Times que corriam risco de rebaixamento antes da última rodada e estavam fora da zona da degola:

2003 – Fortaleza, Grêmio, Juventude e Ponte Preta

2004 – Flamengo, Botafogo e Atlético-MG

2005 – Ponte Preta e São Caetano

2006 – Rebaixados definidos antes da última rodada

2007 – Corinthians

2008 – Athletico-PR e Náutico

2009 – Coritiba e Fluminense

2010 – Atlético-GO, Avaí e Flamengo

2011 – Cruzeiro

2012 – Bahia e Portuguesa

2013 – Coritiba, Criciúma, Internacional e Portuguesa

2014 – Palmeiras

2015 – Avaí e Coritiba

2016 – Sport e Vitória

2017 – Coritiba e Vitória

2018 – Ceará, Chapecoense, Fluminense e Vasco

2019 – Ceará

2020 – Fortaleza

2021 – Cuiabá e Bahia

2022 – Cuiabá

2023 – Santos e Vasco