31/05/2022 - 8:00
Atualmente a doença é a terceira causa de morte no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS); parar de fumar é fundamental
Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, conhecida como DPOC, é basicamente a manifestação de duas doenças respiratórias que obstruem a passagem do ar pelos pulmões: bronquite crônica e enfisema pulmonar, sendo que boa parte dos pacientes têm os dois problemas juntos. A doença está intimamente relacionada ao tabagismo e no Brasil estima-se que atinja cerca de 12% da população, sendo um pouco mais comum em homens do que em mulheres. Hoje, no Dia Mundial sem Tabaco, é importante ressaltar que o uso do cigarro eletrônico, cada vez mais comum entre os jovens, é tão prejudicial à saúde quanto o cigarro convencional.
“Os jovens estão usando muito cigarro eletrônico acreditando estarem livres dos malefícios do cigarro. A gente ainda não consegue diferenciar o quanto temos de DPOC em quem usa exclusivamente o cigarro eletrônico, mas já sabemos que os pacientes que o usam desenvolvem alguns tipos de bronquite e de lesão pulmonar. Ele não é um dispositivo inofensivo para a saúde”, alertou o pneumologista Humberto Bassit Bogossian, do Hospital Israelita Albert Einstein, que ressaltou ainda que cerca de 70% dos pacientes com DPOC são fumantes.
Atualmente a DPOC é a terceira causa de morte no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) – em 2016 foram 3 milhões de mortes em decorrência da doença. No Brasil, a doença é a quarta causa de mortalidade. “Temos que lembrar que a DPOC também é uma das doenças que levam à aposentadoria precoce. A pessoa pode não morrer, mas esse é um problema extremamente limitante e incapacitante. Em casos mais graves o paciente pode precisar de suplementação ininterrupta de oxigênio”, explicou o médico.
Como acontece?
A DPOC se instala no paciente depois de um quadro persistente de bronquite crônica associado ao uso de cigarro ou de um enfisema pulmonar. O pulmão é como uma árvore de ponta cabeça: o tronco da árvore é a traqueia e os galhos são os brônquios, por onde o ar passa para chegar nos alvéolos. A bronquite é uma inflamação crônica da parede dos brônquios, que dificulta a passagem do ar, e o enfisema também reduz o fluxo de ar, mas em paralelo ele diminui a destrói os alvéolos, que são as estruturas que promovem as trocas gasosas no órgão.
“Na bronquite crônica, com o tempo, as partículas tóxicas da fumaça do cigarro vão lesando a parede dos brônquios e causando uma inflamação constante. As lesões vão remodelando e distorcendo as paredes desses brônquios, deixando o canal mais estreito. Isso causa tanto o espessamento das paredes como uma contração da musculatura, fazendo o ar passar com mais dificuldade. Além disso, as células passam a produzir mais muco [catarro], deixando a pessoa sempre com produção constante de secreção”, explicou Bogossian.
No caso do enfisema, as partículas tóxicas do cigarro destroem os alvéolos e deixam grandes espaços no pulmão na região ontem tem a absorção do oxigênio e a eliminação do gás carbônico. “É como se a pessoa fosse derrubando as paredes de um apartamento e criando um grande loft. E quando há grandes espaços, aumenta a dificuldade para ocorrerem as trocas gasosas, reduzindo a capacidade de absorver oxigênio”, continuou.
Os principais sinais da DPOC (bronquite crônica e enfisema) são:
• Queixa recorrente de tosse que costuma vir acompanhada de muco;
• Barulho no peito ao respirar (chiado);
• Falta de ar/dificuldade para respirar que pode começar mais leve até uma piora progressiva que causa falta de ar mesmo com o paciente parado;
• Diminuição da oxigenação e dificuldade de esvaziar os pulmões
“A maioria dos pacientes com DPOC manifesta as duas doenças. A gente sempre encontra um pouco de enfisema naquele paciente que tem mais bronquite e encontra um pouco de bronquite naquele que tem mais enfisema. Mas existe o paciente puramente enfisematoso e o puramente bronquítico”, disse o pneumologista.
Segundo Bogossian, o diagnóstico é sempre clínico, baseado no histórico do paciente, se ele fuma atualmente ou quando parou de fumar, mas existem alguns exames complementares que são feitos para confirmar o diagnóstico e para estabelecer a gravidade da doença. “Podemos pedir exames de imagem, como radiografia e tomografia de tórax, e pedir uma espirometria, que é um exame simples que avalia a sua capacidade pulmonar”, explicou.
Outros poluentes também causam a doença
Apesar de um pouco menos comum, a DPOC também pode ser causada pela exposição a outros poluentes e não apenas a fumaça do tabagismo, entre eles a poluição atmosférica e inalação de fumaça de produtos químicos de limpeza (uso em indústrias). “Quem vive nas grandes cidades e está exposto à poluição e queima de biomassa, por exemplo, se comportam como se fossem tabagistas passivos, mesmo não sendo fumantes”, disse Bogossian.
Ficar longe do cigarro é a maneira mais eficaz de prevenir a doença, que não tem cura. Assim, a primeira opção de tratamento para a DPOC é convencer o paciente a parar de fumar, pois existem tratamentos eficazes para quem quer deixar o vício. Outra forma de prevenção é fazer check-ups de rotina para avaliar a capacidade pulmonar e estabelecer o diagnóstico mais cedo.
Em casos mais graves e quando já há limitações, há a indicação do uso de medicamentos broncodilatadores inalatórios que são usados para reduzir a inflamação e a dilatação da parede dos brônquios, facilitando a passagem do ar. Quando a concentração de oxigênio no sangue está muito baixa, a pessoa pode fazer terapia para suplementar. Outras formas importantes de prevenção são a prática de exercícios físicos e tomar a vacina contra gripe e pneumonia, já que as infecções respiratórias disparam as crises e podem agravar o quadro.
Fonte: Agência Einstein
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