Quando Bolsonaro nomeou Ciro Nogueira para a Casa Civil, imaginou que teria o PP aos seus pés, que ingressaria na legenda quando quisesse e por ela disputaria a reeleição. Está percebendo agora que a história não é bem essa. Embora faça parte do Centrão, o PP não pretende ser linha auxiliar de Bolsonaro. O partido, que tem 38 deputados e sete senadores, tem planos próprios de crescimento e muitos deles passam por se aliar até mesmo a opositores do mandatário. A principal invertida deve vir do Progressistas do Nordeste. Em pelo sete estados da região, o PP pode apoiar adversários do presidente, três dos quais ligados a Lula. O partido de Ciro já faz parte da bancada de apoio dos governadores petistas Camilo Santana (CE) e Rui Costa (BA). Devem caminhar juntos em 2022.

Tucanando

O PP pode se aliar até mesmo ao PSDB. No Piauí, o partido pode apoiar a candidatura do tucano Silvio Mendes ao governo do Estado, cargo que o atual ministro da Casa Civil chegou a cogitar. Os Progressistas devem apoiar também a candidatura de Rodrigo Garcia, o candidato de Doria ao governo de São Paulo, que é um dos adversários do mandatário.

Insatisfação

Bolsonaro pode levar rasteiras também do PL e do Republicanos. O PL vem reclamando que a Secretaria de Governo dada a Flávia Arruda (PL-DF) está esvaziada e o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) tem feito duras críticas
ao governo. Já o Republicanos reclama que o governo prefere ter o pastor Silvas Malafaia como interlocutor junto
aos evangélicos.

A politização dos quartéis

Dayvison Nunes

Governadores estão montando um grande esquema de segurança para as manifestações bolsonaristas neste Sete de Setembro. Muitos estão preocupados com confrontos, como é o caso de Paulo Câmara (PE). Em recente ato do “Fora Bolsonaro”, policiais simpáticos ao presidente atiraram balas de borracha contra manifestantes. PMs foram punidos. Desta vez, ele promete rigor caso ocorra politização nos quartéis.

Retrato falado

“Não podemos transformar cada brasileiro milionário em um tax-free (isento de impostos)” (Crédito:Mateus Bonomi )

O presidente da Câmara, Arthur Lira, explica que a Reforma Tributária precisa acabar com as distorções existentes no pagamento de impostos. Diz que os ricos precisam pagar mais, para que o País arrecade maiores recursos para promover o desenvolvimento. “Não podemos transformar cada milionário brasileiro em uma Suíça ambulante em que são isentos do pagamento de impostos”, disse Lira. Em troca, as empresas pagariam menos tributos, admitindo reduzir a taxação de dividendos.

Toma lá dá cá

Joenia Wapichana, deputada federal (Rede-RR) (Crédito:Plínio Xavier/Câmara dos Deputados)

O que significa o protesto dos indígenas contra o marco temporal para a demarcação de terras?
Viemos dizer não ao retrocesso e nos posicionar contra as propostas que tramitam no Congresso e que estão colocando nossas vidas em risco. Estamos expressando resistência, como fazemos há 521 anos.

As comunidades indígenas têm sido respeitadas por Bolsonaro?
Nunca foram respeitadas. Este governo tem sido o pior de todos para os povos indígenas. Porque tenta oficializar
a grilagem de nossas terras.

Qual sua opinião sobre o impeachment de Bolsonaro?
Os pedidos precisam ser analisados. São denúncias muito graves que pesam contra o presidente, inclusive as que envolvem crimes contra a vida dos povos indígenas.

Na bacia das almas

O governo quer se desfazer dos Correios de qualquer jeito. A secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos, Martha Seillier, disse que se os Correios não forem privatizados, a empresa vai quebrar. Para ela, a estatal não pode ser vendida por um valor muito alto, pois a privatização aprovada na Câmara prevê que ela terá de continuar entregando correspondências em todo o território nacional, inclusive em municípios onde a operação é deficitária. Martha diz que se o governo cobrar caro demais, o comprador não terá recursos para investir na sua modernização. O governo pensa, assim, em aliviar os tributos que a empresa terá que pagar, como IPTU, ICMS e ISS.

Preço simbólico

Portanto, a secretária do Ministério da Economia acredita que o valor da privatização a ser cobrado no leilão tem que ser simbólico. “Vamos tirar os impostos que a empresa teria que pagar e aí vai sobrar um valorzinho”, disse Martha. Os funcionários dizem que o governo quer “doar” a estatal aos amigos.

As estripulias do 04

Jair Renan Bolsonaro virou a ovelha negra da família. Ao mudar-se com a mãe, Ana Cristina Valle, para uma mansão no Lago Sul de Brasília, coloca o pai em saia justa. É difícil explicar como a mãe, que ganha R$ 6.200 como assessora da deputada Celina Leão, paga R$ 15 mil de aluguel do imóvel, pertencente a um humilde corretor da periferia do DF.

Divulgação

Namorada petista

O 04 causa alvoroço há algum tempo. Faz merchandising para fábrica de cerveja, diz que desfilará em concurso do mister bumbum e que até namoraria petista. Aí foi demais. Os irmãos Carluxo e Eduardo pararam de segui-lo nas redes, mas o 04 não está nem aí. Falou que eles não são seus irmãos prediletos e sim Ivan Valle, irmão por parte de mãe.

A fonte secou

Roberto Jayme

Atendendo decisão do corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, o YouTube começou a suspender pagamentos a 14 páginas bolsonaristas investigadas por disseminar fake news. Esses canais, que tramam contra a democracia, faturavam R$ 15 milhões por ano. Agora, a fonte secou. Muitos recebiam de empresários governistas e até da Secom.

Rápidas

* Doria fez um levantamento contundente sobre o preço da gasolina para rebater Bolsonaro, que acusa os estados pelo elevado custo dos combustíveis. Em 2015, um litro de gasolina custava R$ 3,32 e, hoje, passa de R$ 7,00. O ICMS de SP é o mesmo: 25% desde 2015.

* A quarentena de cinco anos imposta a juízes e militares para que não possam concorrer a cargos públicos não pretende atingir só o ex-ministro Sergio Moro: o objetivo é tirar das eleições também o general Mourão.

* O senador Omar Aziz está em campanha pelo governo do Amazonas. No último final de semana, visitou lideranças comunitárias da Colônia Oliveira Machado. Conta com o apoio de Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara.

* Bolsonaro mandou as pessoas comprarem fuzis ao invés de feijão. Um fuzil AK-47 custa R$ 20 mil. Já um quilo de feijão vale R$ 7,59. Com o valor de um fuzil, dá para comprar feijão para 60 famílias mensalmente.