Dorival Júnior revelou em entrevista à CBF TV que está ansioso para a sua primeira convocação como treinador da seleção brasileira. Ele foi contratado para assumir o posto de Fernando Diniz e fará a sua estreia no comando da equipe apenas no dia 23 de março, quando enfrentará a Inglaterra, em amistoso de preparação para a Copa América. Ele contou ainda que vem observando uma lista com 55 jogadores.

“Num primeiro momento, houve uma adaptação a um tipo de trabalho um pouco diferente daquilo que você desenvolve num clube. Num clube, você joga e vai para o campo no dia seguinte para começar as correções. Na CBF, o trabalho é muito mais de observações, organização, um direcionamento. Temos uma relação com 50, 55 nomes de possíveis convocados, todos esses jogadores estão sendo observados, tanto nos campeonatos em andamento no Brasil como em jogos importantes fora do país. Não existe profissional em área nenhuma que não tenha uma ansiedade natural para uma tomada de decisão, a partir de uma nova situação, uma nova condição em seu trabalho. Talvez o nosso maior desafio aqui seja criar uma readaptação ou adaptação, e ela precisa ser rápida para que encontremos aquilo dentro do que imaginamos: a melhor equipe possível para esses dois amistosos iniciais (contra Inglaterra e Espanha). Vamos tentar fazer o nosso melhor e já passar de início uma boa impressão para o nosso torcedor”, afirmou.

Dorival, que assumiu a seleção brasileira após dois fracassos consecutivos na Copa do Mundo com Tite e em seu pior início de Eliminatórias, já com Fernando Diniz, admitiu que precisará reconquistar os torcedores, que vêm demonstrando cada vez menos identificação com a seleção brasileira. Ele terá que dar uma resposta rápida no comando da equipe para driblar as desconfianças.

“É o ideal, e é natural estejamos vivendo uma certa insegurança, incerteza, uma desconfiança geral em razão desse instante pelo qual estamos passando. Mas a Seleção Brasileira se reinventa, tem jogadores de muito bom nível, se encontrarmos um caminho entre as individualidades e aquilo que eles podem produzir coletivamente, de repente podemos acelerar ainda mais essa recuperação. Talvez tenhamos dificuldades no início. Nada vai acontecer por acaso. Demanda trabalho, tempo, acima de tudo. Que os que venham para cá venham muito focados e muito preparados, porque o objetivo maior está ali na frente. E a nossa preparação demanda tempo, ações e acima de tudo correções, vamos tentar fazer isso, diminuir esse tempo de adaptação para encontrar rapidamente um caminho de estabilidade e de uma regularidade”, disse.

Sobre a primeira convocação, Dorival não espera agradar todos os torcedores, pediu um pouco de paciência e destacou que seu objetivo é estreitar o laço entre torcida e seleção. “Geralmente não vai satisfazer a todos os torcedores, todos estão na expectativa de uma primeira convocação. Estou levando em conta muitas coisas, estamos com campeonatos em andamento, estamos num início de temporada daqui, mas nem por isso estamos nos virando para os jogadores no Brasil. Peço um pouco paciência, que se não estiverem nessa primeira, não quer dizer que já estejamos definindo uma convocação para a própria Copa América ou para amistosos subsequentes. Ao contrário, muita coisa pode acontecer … existe um dinamismo muito grande. A seleção é do povo brasileiro. Não é a seleção do Dorival. Uma seleção que, espero, possa começar a resgatar essa confiança de todos nós em vermos novamente o Brasil proporcionando bons espetáculos, jogos consistentes e principalmente retomando a confiança do nosso torcedor, que é o maior objetivo de todos nós.”

O treinador ainda comentou um pouco sobre a reestruturação do departamento de futebol da CBF. “Temos grandes profissionais no nosso país, que, talvez, se tivessem uma possibilidade lá fora com certeza desenvolveram ótimos trabalhos. Aqui dentro há excelentes profissionais, Rodrigo Caetano e Juan são dois grandes exemplos e eles começam a completar a nossa comissão. São dois profissionais de altíssimo nível, percorreram trechos importantes de suas carreiras justamente passando por dificuldades e encontrando soluções para problemas difíceis e garantindo ótimos resultados em suas equipes de trabalho.”

Dorival procurou neste período sem jogos conversar com muitos treinadores e afirmou dar continuidade no trabalho que vinha sendo feito por Tite e Fernando Diniz. “Eu acredito numa manutenção de um trabalho, numa fase seguinte a tudo aquilo que vinha sendo desenvolvido na CBF. Não posso cortar bruscamente, eu não posso modificar bruscamente, tenho que tentar fazer o que sempre fiz nos clubes … aproveitar ao máximo possível os trabalhos deixados pelos últimos profissionais que aqui estiveram. Nós temos uma estrutura de equipe, que já veio de Copas anteriores, cada um teve sua oportunidade inicial, temos uma equipe muito boa, precisamos encontrar ou reencontrar o caminho de uma equipe que nos passe e ao torcedor uma segurança, uma certeza um pouco maior. É importante deixar que todos se sintam muito confortáveis pelo que estão desenvolvendo nos seus clubes. Não quero ter que colocar um jogador fora das características do que vem apresentando; ele pode até jogar numa posição um pouco diferente, mas mantendo as características do que vem apresentando. Por isso a conversa com os treinadores foi muito importante, mas é um processo moroso e que demanda tempo.”

O ex-treinador do São Paulo não terá vida fácil na seleção, até pela situação da equipe na tabela das Eliminatórias para a Copa do Mundo. O Brasil é o sexto colocado, com apenas sete pontos. Na liderança, a Argentina tem 15. Antes de entrar em campo no torneio, a seleção terá amistosos e a Copa América pela frente.