O governador João Doria (PSDB) herdou 175 obras paradas do ex-governador Márcio França (PSB), que perfazem um total de R$ 10 bilhões. As obras interrompidas pelo ex-governador socialista vão de 70 salas de aula, 76 creches, hospitais e quase mil unidades habitacionais à obras do Rodoanel e linhas do Metrô. Isso significa que o novo governador terá que fazer uma grande operação para recolocar o Estado no prumo, depois da paralisia imposta pelo governo anterior. Além das obras paradas, Doria recebeu o caos implantado por França no setor educacional. O governador socialista não contratou perto de 9 mil professores, podendo deixar milhares de alunos sem aulas neste começo de ano letivo. Sem contar o fato de que a Secretaria de Educação do governo anterior não comprou material escolar, como cadernos, lápis e canetas, para que mais de 2 milhões de crianças possam retornar às aulas com o material em dia. “Herdamos o caos na educação”, disse o atual secretário Rossieli Soares.

A real situação das obras paradas por França pode ser constatada pelo trabalho das equipes de transição que Doria destacou para o levantamento da situação econômica de São Paulo. Há obras paradas em todas as regiões do Estado e em todas as 20 pastas da administração estadual. E França paralisou sobretudo as grandes obras, como o Rodoanel Norte. No apagar das luzes de seu governo, em 14 de dezembro, França promoveu a rescisão unilateral do contrato dos lotes de 1 a 3. Parou também a negociação com a construtora que fazia o lote 5. Ou seja, abandonou o Rodoanel.

A área viária, sem dúvida, foi o setor mais atingido pela negligência de França, segundo explicam fontes do governo Doria. Foram paralisados os trabalhos na Rodovia dos Tamoios, do corredor de ônibus ligando Itapevi a São Paulo e várias obras do Metrô, como as linhas 15 do monotrilho da Zona Leste e as obras da linha 6 Laranja do Metrô. Neste caso, França simplesmente extinguiu o contrato, com sérios prejuízos para a população.

A inépcia do governo de França, de acordo com a equipe de transição de Doria, atingiu os mais variados setores. Paralisou as obras da nova Etec de Sumaré, 14 centros para idosos, o Hospital do Vale do Ribeira e as obras do novo Hospital Pérola Byington, que atende mulheres carentes, no centro de São Paulo. O governo anterior parou também 960 unidades habitacionais e três fóruns (Boituva, Francisco Morato e Osasco). Isso sem contar com o abandono da recuperação de 100 quilômetros em obras viárias em diversas regiões do interior de São Paulo. Agora, o governador João Doria corre atrás de recursos para retomar as obras paradas por França e já acionou o novo secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, para obter o dinheiro necessário para recolocar o Estado em funcionamento.