SÃO PAULO, 24 ABR (ANSA) – Por Beatriz Farrugia – O governador de São Paulo, João Doria, disse nesta quarta-feira (24) acreditar na “disposição” do presidente Jair Bolsonaro em estreitar relações com a China. Em um encontro com a imprensa internacional no Palácio dos Bandeirantes, o tucano afirmou que as críticas de Bolsonaro ao gigante asiático foram feitas “no calor da campanha eleitoral”.   

“Essa posição do presidente Jair Bolsonaro é anterior, feita durante a campanha, o que suscitou uma certa polêmica, uma certa dúvida”, disse Doria, questionado sobre as declarações do presidente de que a China estava “comprando o Brasil, e não no Brasil”.   

“Não percebo hoje essa visão [de Bolsonaro]. Ontem ele não fez nenhuma menção nesse sentido. Eu diria que é mais o calor do período eleitoral, que depois não se materializou dessa forma”, completou.   

O governador se reuniu ontem (23) com Bolsonaro em Brasília e anunciou que visitará a China junto com o presidente brasileiro, em agosto. Na ocasião, o governo de São Paulo inaugurará um escritório comercial em Xangai.   

“Tem uma disposição de fazer a mesma agenda para construirmos uma ação de fortalecimento das relações comerciais entre a China e o Brasil, que é nosso foco específico”, confirmou Doria. “Hoje, pela manhã, logo às 8h30, falei com o ministro Ernesto Araújo e já estabelecemos os princípios dessa agenda. Vejo mais como um fato que passou do que uma visão presente”, ressaltou.   

Na campanha eleitoral, as declarações de Bolsonaro sobre a China foram recebidas com alarde pelos investidores e analistas de política externa, pois o país é o maior parceiro comercial do Brasil na atualidade.   

Além da China em agosto, Doria confirmou viagens para Nova York (em maio), Oriente Médio (junho), Inglaterra (julho) e Japão (setembro), mas se negou a fazer uma avaliação sobre os impactos nas relações com os países árabes caso o Brasil transfira sua embaixada israelense de Tel Aviv para Jerusalém (o governo Bolsonaro decidiu, por enquanto, abrir apenas um escritório comercial em Jerusalém).   

No encontro de hoje com jornalistas de veículos estrangeiros, o governador de São Paulo comentou também que “o Brasil fez jus” pela “má imagem” que está no exterior.   

“O Brasil fez jus a ter uma má imagem e nós temos que resgatar, com atitudes e posicionamentos, uma boa imagem internacional.   

Seja do ponto de vista do respeito à democracia e à liberdade de imprensa, ou do ponto de vista de atitudes no âmbito governamental, com transparência e ética”, sugeriu.   

Itália – Doria, que durante sua gestão na Prefeitura fez parcerias com empresas italianas e chegou a viajar oficialmente ao país, afirmou que os investimentos da Itália irão aumentar no estado de São Paulo.   

“A Itália, entre outras áreas, o setor de mobilidade e rodovias, já é um importante investidor aqui e vai crescer em seus investimentos no estado de São Paulo”, contou.   

O governador ressaltou que pretende visitar novamente a Itália em 2020 e que já há conversas em andamento com setores de energia e rodovia. (ANSA)