Depois de muitas informações desencontradas, algumas delas indicando que desistiria da candidatura e permaneceria no cargo de governador de São Paulo até dezembro, João Doria deve anunciar dentro de instantes que renunciará ao cargo e manterá a possibilidade de disputar a presidência da República. A decisão de Doria aconteceu depois que o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, divulgou uma carta dizendo que Doria era o candidato do partido a presidente, conforme a decisão das prévias do partido em que ele foi vitorioso. Isso foi decisivo para a mudança de posição de Doria.

Logo após receber a carta, Doria ligou para Rodrigo Garcia, seu vice, e marcou um almoço com ele no Palácio dos Bandeirantes, que terminou por volta das 14h30. Nesse almoço, os dois voltaram a fazer as pazes. Doria confirmou a Garcia que renunciaria sim ao governo para que ele assumisse o cargo de governador, podendo, dessa forma, desenvolver sua candidatura a governador no exercício do cargo, conforme sempre esteve combinado entre eles.

A polêmica entre os dois começou nesta quarta-feira, às 17h, quando Doria chamou Garcia para conversar. O governador disse ao vice que não iria mais renunciar e que iria suspender sua candidatura a presidente. Essa conversa irritou tanto Garcia que ele saiu furioso da reunião. Tanto que não acompanhou Doria num jantar na casa de um empresário amigo, desmarcando presença momentos antes do evento. Além disso, Garcia nem foi ao Palácio dos Bandeirantes nesta quinta-feira cedo, pois não queria mais conversa sobre o assunto. Mudou de idéia depois que Doria lhe ligou e voltou atrás na decisão de se manter no governo. Os dois voltaram a selar o pacto de parceria para a eleição de Garcia.

O que levou Doria a fazer toda essa movimentação foi a tibieza com que o PSDB defendia sua candidatura a presidente. Muitos líderes do partido, como Aécio Neves, José Aníbal e Tasso Jereissati, chegaram a defender que Doria fosse substituído pelo ex-governador gaúcho Eduardo Leite. No final de semana, Doria chegou a dizer que esse movimento dos caciques tucanos representava um “golpe” na sua candidatura. Ameaçou largar tudo porque os tucanos arrastavam uma asa para Eduardo Leite, o que desrespeitaria o resultado das prévias realizadas em novembro.