A quarentena no Estado de São Paulo teve o prazo prorrogado até o dia 31 de maio e o governo desistiu de flexibilizar a medida. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) nesta sexta-feira, 8, em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também participou do anúncio.

“O cenário é desolador. E a quarentena está salvando vidas em São Paulo. Nenhum governante tem prazer em dar más notícias, mas não se trata de ter ou não este sentimento, trata-se de proteger vidas no momento mais crítico desse País”, disse Doria. “Nenhum país conseguiu relaxar as medidas de isolamento social em meio a uma curva crescente. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco vidas e o sistema de saúde. Retomaremos sim, no momento certo, na hora certa”, disse.

A quarentena foi implementada em todo o Estado de São Paulo no dia 24 de março. A medida permite somente o funcionamento dos serviços considerados essenciais e continua valendo para os 645 municípios paulistas.

Doria já havia prorrogado a quarentena por duas vezes, o que gerou pressão de alguns setores da economia e de prefeitos, que pediam regras mais flexíveis. Diante deste cenário, Doria anunciou no dia 22 de abril que faria uma flexibilização das regras, o chamado Plano São Paulo.

Na época do anúncio, o governo afirmou que a flexibilização levaria em conta três fatores: taxa de crescimento do número de pessoas infectadas, capacidade do sistema de saúde de oferecer leitos de internação e número de pessoas testadas para a doença.

São Paulo vem enfrentando baixas taxas de isolamento social, abaixo dos 50%. A meta do governo é 60% e o número ideal é 70%, a fim de evitar um colapso do sistema de saúde. Mas poucos municípios atingem a meta.

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A capital paulista tem índices que giram em torno de 48% (o número só sobe em finais de semana) e, diante deste cenário, Covas determinou nesta quinta um novo rodízio, mais restritivo, que pretende tirar 50% dos carros das ruas.

O sistema de saúde público na Grande São Paulo já opera praticamente no limite. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, em balanço divulgado na quinta-feira, na Grande São Paulo, a ocupação dos leitos de UTI já é de 89,6%. No Estado, é de 66,9%.

O governo paulista também enfrenta problemas na aquisição de insumos e de equipamentos no combate à doença. A China bloqueou a vinda de 500 dos 3 mil respiradores adquiridos pelo governo de São Paulo e que seriam destinados a UTIs.

Além disso, um estudo divulgado pelo próprio governo nesta quinta-feira mostra um avanço da doença no interior do Estado. A cada três dias, 38 novas cidades paulistas registram casos de coronavírus. Se esse ritmo se mantiver, até o fim de maio, todos os municípios paulistas (são 645) serão afetados pela doença.

David Uip

Nesta sexta, David Uip chefe do Centro de Contingência contra a Covid-19, pediu licença do cargo. Na ultima quarta, ele teria se sentido mal e, por recomendação médica, ficará afastado por alguns dias. “Fico entristecido de, neste momento difícil de crise, de uma pandemia muito séria, que tem causado tantos óbitos em nosso Estado e gerado grande sofrimento entre os brasileiros de São Paulo que perderam familiares e amigos queridos, não poder estar fisicamente presente. No entanto, tenho a plena convicção de que São Paulo está no caminho certo. E está salvando vidas. A colaboração dos meus 15 colegas do Centro de Contingência, formado por médicos, cientistas, virologistas, professores e pesquisadores, tem sido fantástica. “, disse em nota, lida por Doria.


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