O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira, 1, a criação da Secretaria Extraordinária de Investimento Social, uma pasta que tem como objetivo “viabilizar recursos do setor privado”, como doações, segundo descreve a gestão, para os programas sociais nas áreas de Educação, Saúde e Assistência Social. O titular da pasta será Cláudio Carvalho de Lima, de 47 anos, que nos últimos 12 anos trabalhou na construtora e incorporadora Cyrela Brazil Realty, onde recentemente era vice-presidente executivo-corporativo. Em nota, a Cyrela informou que o desligamento de Lima da empresa ocorreu na quarta-feira, 31.

Na sua primeira agenda pública após a apresentação, Lima deverá estar ao lado de Doria nesta sexta-feira, 2, na inauguração da reforma dos banheiros do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Anunciada no dia 21 de janeiro pelo prefeito, a obra com custo estimado em R$ 450 mil foi bancada pela Cyrela, com a articulação direta do agora novo secretário da gestão tucana.

Apesar do posto recente ocupado por Lima na empresa, o prefeito disse não haver qualquer problema. “Nenhum conflito de interesse até porque ele está desligado da Cyrela e passa a ser um funcionário da Prefeitura de São Paulo. Além do que a Cyrela tem nos ajudado bastante ao longo desses meses financiando vários projetos sem nenhuma contrapartida, como é o caso dos banheiros do Ibirapuera, a própria Marquise, o CTA (Centro Temporário de Acolhimento), onde a Cyrela fez um investimento substantivo para viabilizá-lo”, disse.

Segundo Doria, uma das razões para a escolha de Lima para o posto foi justamente a negociação para a reforma dos banheiros do Ibirapuera. “Ele conduziu isso tão bem que nós o convidamos para que ele pudesse ocupar essa secretaria”, disse, detalhando que o secretário especial trabalhará com mais cinco pessoas em três salas do 10.º andar da sede da Prefeitura, no Viaduto do Chá. Em nota, a gestão detalhou que a secretaria “irá acelerar a captação de recursos para o município de forma transparente e solidária com a cidade”.

Na cerimônia desta quinta, Lima destacou as diferenças entre os setores público e privado. “O desafio é muito grande, o setor privado é muito diferente, tem as suas facilidades, estamos acostumados a lidar com outras empresas privadas. Mas estamos aqui para apoiar a gestão, fazer parte dela. O que pode esperar é uma secretaria inovadora, que vai trabalhar com absoluta transparência, dentro dos padrões éticos desta gestão”, disse.

Parque Augusta

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Ainda tramita extrajudicialmente a tentativa de acordo supervisionada pelo Ministério Público entre a Prefeitura e as construtoras Cyrela e Setin, donas de um terreno onde se reclama a instalação do Parque Augusta. Para viabilizar a proposta, a Prefeitura aceitou em abril oferecer terrenos públicos para indenizar as construtoras, mantendo a área verde em 100% do lote de propriedade das empresas, que antes abrigaria arranha-céus.

A Prefeitura não informou se Cláudio Carvalho Lima participava das tratativas como representante da Cyrela no último ano. Nesta quinta, Doria disse não enxergar problema com a situação face a uma suposta solução. “No Parque Augusta, já temos uma solução que será anunciada em breve, que preserva o parque como um todo e com isso eliminamos um ponto de conflito que existia até então”, disse.

O chefe do Executivo estimou que, em seis meses, uma monta de R$ 678 milhões já tenham sido doadas por empresas para ações e obras da gestão. Agora, esse contato ocorrerá por meio da nova secretaria, em parceria com a Secretaria de Justiça. “Adotamos a transparência como requisito principal para a formalização dessas doações”, disse o secretário de Justiça, Anderson Pomini, ao comentar os protocolos para realização das doações.

Afastamento

Em nota à reportagem, a Cyrela informou que, “conforme pedido formal de afastamento apresentado pelo Diretor Corporativo da Companhia, Sr. Claudio Carvalho de Lima, o mesmo se desligou do seu cargo e atribuições com a empresa no dia 31 de maio de 2017”. “A Cyrela manifesta seus votos de agradecimento pelo empenho e significativa contribuição do profissional ao longo dos mais de 10 anos de dedicação à empresa.” Questionada, a empresa se negou a responder se o executivo participava ou não das tratativas em relação ao Parque Augusta.


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