PARIS, 13 NOV (ANSA) – A França recorda-se nesta quinta-feira (13) dos dez anos dos atentados em Paris, realizados por membros do Estado Islâmico (EI). Uma década depois, trata-se do pior ataque terrorista no país desde a Segunda Guerra Mundial.
Para homenagear os 130 mortos nos atentados, além de dois sobreviventes que se suicidaram posteriormente, o presidente Emmanuel Macron conduziu uma delegação de autoridades e de familiares das vítimas aos locais atingidos, antes de inaugurar um memorial pela data em Place Saint-Gervais.
“10 anos. A dor permanece. Em fraternidade, pelas vidas interrompidas, pelos feridos, pelas famílias e pelos entes queridos, a França se lembra”, escreveu o presidente Macron no X.
Para o ex-chefe de Estado François Hollande, que ocupava o posto na época e acompanhava um jogo de futebol no Stade de France no momento dos ataques, “foi um horror inesquecível”.
“O luto, a dor, as cicatrizes, as imagens que permanecem.
Prestar homenagem às vítimas é o nosso primeiro dever. A memória só faz sentido se lembrarmos aos vivos de sua obrigação: defender a liberdade e a democracia”, comentou Hollande no X.
Já Sophie Dias, filha de Manuel Colaco Dias, a primeira das centenas de vítimas dos atentados, afirmou que desde aquela data “existe um vazio insubstituível”.
“É preciso conscientizar as gerações mais jovens e incutir nelas os valores da República. O dever de lembrar [dos atentados] é precioso”, prosseguiu Dias, falando diante de Macron e das mais altas autoridades da França nos arredores do Stade de France, onde seu pai foi morto, a poucos metros do estádio, no bar L’Events, pela explosão de um kamikaze.
Outros bares, cafés e uma sala de espetáculos da capital francesa também foram alvo de membros do EI, do qual o franco-belga Salah Abdeslam é o único sobrevivente entre os autores materiais dos atentados. Ele cumpre prisão perpétua em uma penitenciária de segurança máxima.
“Ainda me lembro do horror, da consternação, da dor daquelas horas: o Bataclan [sala de espetáculos] e outros locais da capital francesa atingidos, as ruas, as sirenes. Imagens que nenhum de nós jamais esquecerá. Naquela noite, a Europa e o Ocidente foram tomados pelo medo, pela raiva e pela consternação, mas também por um forte sentimento de solidariedade, que ainda hoje nos une na memória e na defesa dos nossos valores”, declarou a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, citando ainda o nome de Valeria Solesin, “uma jovem e brilhante pesquisadora italiana” que faleceu no atentado à sala de espetáculos.
Para completar a homenagem às vítimas, a Catedral de Notre-Dame e outras quatro igrejas parisienses tocaram seus sinos.
Relembre A noite de terror em Paris começou pouco depois das 21h (horário local) de 13 de novembro, quando um kamikaze se explodiu nos arredores do Stade de France, em Saint-Denis, onde França e Alemanha disputavam um amistoso. O então presidente François Hollande estava no local e precisou ser evacuado.
Às 21h25, terroristas dispararam contra os restaurantes Le Carillon e Le Petit Cambodge, no 10º arrondissement. Quatro minutos depois, o alvo foi a pizzaria La Casa Nostra. Às 21h30, um segundo suicida atacou o café Events, perto do Stade de France. Às 21h38, disparos atingiram o 11º arrondissement, mais precisamente o restaurante La Belle Equipe. Em seguida, um suicida se explodiu no boulevard Voltaire.
Às 21h50, começou o assalto armado ao teatro Bataclan, onde acontecia um show do grupo norte-americano Eagles of the Death Metal. Três homens entraram abruptamente no local e começaram a disparar de forma indiscriminada contra o público. Cerca de 100 pessoas foram mantidas reféns durante mais de duas horas. Às 21h53, outro kamikaze entrou em ação perto do Stade de France, no café Coeur de Blé.
À 00h25, as forças especiais invadiram o Bataclan, fazendo com que os terroristas se suicidassem. Os atentados foram reivindicados pelo Estado Islâmico (EI), como forma de resposta aos bombardeios franceses contra o grupo. (ANSA).