Os responsáveis pela Comunidade Terapêutica Efatá, clínica de reabilitação localizada em Cotia (SP) – cidade que fica na região metropolitana da capital paulista – onde um paciente foi amarrado, agredido e torturado por um funcionário já haviam sido acusados por maus-tratos praticados contra quatro adolescentes. O enfermeiro Cleber Fabiano da Silva e Terezinha Conceição foram denunciados pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) em 2019.

De acordo com a GloboNews, na denúncia da entidade, os dois são acusados de, em uma outra clínica de reabilitação, supostamente forçar quatro adolescentes internados a trabalharem como ajudantes de pedreiro em troca de doces e cigarros. Além disso, os pacientes alegavam que recebiam apenas sopa, salsicha e ovo de alimentação.

Na ocasião, o crime prescreveu antes que Cleber Fabiano da Silva e Terezinha Conceição fossem julgados.

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Relembre o caso da clínica

Jarmo Celestino dos Santos, de 55 anos, foi internado na clínica e foi agredido pelo funcionário Matheus de Camargo Pinto, de 24 anos, que alegou ter feito uso da força para conter o paciente, que estaria agitado. Imagens gravadas pelo empregado mostram ele e outros homens ridicularizando o dependente químico amarrado em uma cadeira.

O paciente morreu na segunda-feira, 8, por conta das agressões e de ter sido dopado com medicamentos.

Matheus de Camargo Pinto era funcionário da clínica há cerca de uma semana e não tinha formação para exercer sua função no estabelecimento. Além disso, o suspeito, que foi preso pela Polícia Civil, confessou as agressões em um áudio enviado por ele. “Cobri no c*cete. Chegou aqui na unidade, ‘fio’, foi pagar de ‘brabo’, cobri no pau. Tô com a mão toda inchada”.

Segundo o delegado Adair Marques Correa Junior, um composto fabricado com vários medicamentos amassados e nomeado pelos funcionários de “danoninho” era dado aos pacientes. A substância teria sido fornecida a Jarmo Celestino de Santana. “A investigação indica que a vítima sofreu tortura desde o primeiro momento em que chegou na clínica”, pontuou a autoridade.

A Prefeitura de Cotia constatou, durante visita ao estabelecimento, que outros pacientes da Comunidade Terapêutica Efatá também apresentavam sinais de maus-tratos. As famílias dos internos foram chamadas para retirá-los do local.

A defesa de Cleber Fabiano da Silva e Terezinha Conceição alega que os dois não estavam presentes na clínica no dia em que ocorreram as agressões ao paciente, além de acrescentar que ambos irão colaborar com as investigações.