(Arquivo) O presidente americano, Donald Trump - AFP
(Arquivo) O presidente americano, Donald Trump – AFP

A vida de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, é recheada de polêmicas e altos e baixos. Conheça um pouco mais da biografia do presidente americano.

A infância de Donald Trump

Se o pai de Trump o fez um homem de negócios, sua mãe o fez um homem cristão. Em sua cerimônia de posse, sua pastora pessoal, Paula White, pediu: “Deus misericordioso, revele a nosso presidente a capacidade de conhecer a vontade, a sua vontade, a confiança para nos liderar e a compaixão para ceder ante os nossos melhores anjos”.

Nascido em 14 de junho de 1946 no bairro nova-iorquino do Queens, Donald Trump, conhecido pelas suas políticas anti-imigração, é neto e filho de imigrantes. Sua mãe, a escocesa Mary MacLeod, chegou aos Estados Unidos em 1929, quando tinha 17 anos.

Ela teria conhecido Frederick Christ Trump, filho de imigrantes alemães, em 1930, e se casado com ele em 1936, quando Frederick ainda iniciava seu negócio no setor de construção, construindo casas em Queens, Nova Iorque, e depois quartéis e apartamentos para os oficiais da Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Os dois se estabeleceram no bairro Jamaica, Queens, na época um paraíso para imigrantes da Europa Ocidental.

A infância de Trump não foi luxuosa. Segundo a revista New Yorker, em 1940, o censo registrava que o casal vivia com seus dois filhos e uma empregada escocesa em um imóvel que valia US$ 12,5 mil, o equivalente a US$ 214 mil hoje. Os rendimentos de Frederick eram de US$ 5 mil por ano, ou cerca de US$ 86 mil em valores atuais. Foi após o boom imobiliário da Segunda Guerra Mundial que a fortuna do construtor começou a crescer.

Donald Trump tem quatro irmãos: dois irmãos, Fred Trump Jr. (1938-1981) e Robert Trump, e duas irmãs, Elizabeth Trump e Maryanne Trump. Sua irmã mais velha, Maryanne Trump Barry, é juíza do Tribunal Federal de Apelações. Sua mãe, Mary Trump, morreu em Nova York, em 2000, aos oitenta e oito anos, apenas um ano depois de seu marido. Frederick, falecido em 1999, sofria de Alzheimer e morreu em decorrência de uma pneumonia. Ele deixou aos filhos uma herança de quase US$ 300 milhões.

A adolescência militar de Donald Trump

Por insistência de seus pais por causa de seu mau comportamento, Donald Trump estudou em um internato rígido, o New York Military Academy, onde se destacou como capitão do time de beisebol. Em entrevista ao The New York Times, Trump afirmou que os graças aos anos passados na escola militar ele teve “mais treinamento militar do que muitos dos caras que entraram nas forças armadas”.

Quando se formou, em 1964, pensou em estudar cinema. Em vez disso, no entanto, foi para a Universidade Fordham e, dois anos depois, para a Wharton Business School, na Universidade de Pennsylvania, onde estudou economia.

Trump: Homem de negócios

Em 1968, aos 22 anos, Donald Trump entrou nos negócios do pai, na Elizabeth Trump & Son Co., dedicada ao aluguel de imóveis de classe média nos bairros nova-iorquinos de Brooklyn, Queens e Staten Island. Esta empresa mais tarde veio a se tornar a Trump Organization, especializada em construções de luxo. Seu primeiro grande negócio foi o Hotel Commodore, quando se associou ao grupo hoteleiro Hyatt para comprá-lo em 1976 e rebatizou-o de Grand Hyatt.

A joia da Trump Organization é a Trump Tower, uma das construções icônicas de Nova York, com 58 andares e 202 metros de altura. A construção da torre no entanto, foi permeada por polêmicas. Trump havia prometido doar parte da entrada ao Metropolitan Museum of Art de Nova York por causa de suas referências Art Déco. Mas, no fim, tudo acabou demolido. Além disso, a mão de obra usada na construção da torre era de imigrantes ilegais – Trump afirma que não sabia que os funcionários não tinham documentos.

A fama e a falência de Donald Trump

Trump sempre quis ser famoso. Depois de cimentar seu sucesso como empresário, Trump foi alçado à fama com seu livro, A Arte da Negociação (The Art of the Deal, do original em inglês), publicado em 1987. A obra que conta os segredos de sucesso do “self-made man”, um homem que se faz sozinho, ficou 48 semanas na lista de mais vendidos do New York Times, vendeu mais de 1 milhão de cópias e transformou Trump em figura icônica e levou os lucros das Organizações Trump às alturas.

Em 1990, no entanto, Trump teve que encarar um divórcio bem caro. O empresário aceitou pagar uma pensão de US$ 350 mil ao ano, assim como uma quantia única de US$ 10 milhões a Ivana Trump, com quem se casou em 1977 e teve três filhos: Donald Jr, Eric e Ivanka.

Nos anos 90, Trump chegou a declarar falência três vezes. Em 1989, comprou o Taj Mahal, em Atlantic City, então o maior cassino do mundo. Uma crise no mercado norte-americano de imóveis, no entanto, fez o prédio perder valor e derrubou os ganhos em outras áreas. Em 1991, o empresário viu-se à beira da falência com seu patrimônio caindo de US$ 1,7 bilhão para US$ 500 milhões. Já em 1992 foi a vez do Trump Plaza Hotel ir à bancarrota.

Para pagar as dívidas, vendeu cassinos, o iate Trump Princess e sua companhia aérea. Na época, ele também comprou parte da franquia do Miss Universo e lucrou com o lançamento do seu segundo livro, A Arte do Retorno, sobre como deu a volta por cima. Em 1993, casou-se com a americana Marla Maples, com quem teve outra filha, Tiffany.

Donald Trump: O Aprendiz

O auge da fama de Trump se deu em 2004, quando o empresário virou apresentador do programa O Aprendiz. Os participantes disputavam provas para ganhar um emprego na Trump Organization. O capítulo final da primeira temporada foi o programa mais visto na televisão americana aquele ano, depois apenas do Superbowl, final do campeonato nacional de futebol americano. Trump se gaba de ter ganhado US$ 213 milhões desde o lançamento do programa.

Trump: o republicano

Em 2015, Trump anunciou que iria entrar na corrida para ser o candidato republicano à Casa Branca financiando a própria campanha. Na plataforma de sua candidatura, afirmações e propostas polêmicas: referiu-se a imigrantes mexicanos como estupradores e traficantes e anunciou a construção de um muro na fronteira dos dois países, prometeu pôr fim ao Obamacare, sistema de saúde do ex-presidente Obama e ao financiamento federal para Cidades Santuários.

Quando Trump entrou na disputa das prévias republicanas, o líder nas sondagens era Jeb Bush, filho e irmão de ex-presidentes. O status de celebridade e o discurso nacionalista de Trump atraiu seguidores e público recorde para os debates televisionados entre os candidatos. Diante do avanço de Trump, seus adversários começaram a atacá-lo levantando a questão de se Trump seria um presidente sério. Ele derrotou um número recorde de aspirantes à disputa, entre os quais cinco governadores ou ex-governadores e quatro senadores.

Trump passou a ter, então, Hillary Clinton como concorrente e ganhou votos com a plataforma nacionalista, xenófoba e crítica da globalização e de acordos comerciais. O empresário atacou Hillary criticando a adversária por usar o e-mail de trabalho em um servidor privado, na época em que era Secretária de Estado, ameaçando a segurança do País. Em novembro do ano passado, foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos.

Trump na presidência dos EUA

Trump assumiu a presidência já cercado por polêmicas. Logo em seu primeiro dia de governo, enfrentou um protesto de mulheres que mobilizou mais de dois milhões de pessoas. A suspensão da entrada de refugiados e cidadãos de países como Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen também causou alvoroço e a justiça suspendeu as ordens do presidente. No Congresso, sofreu sua primeira grande derrota quando não conseguiu derrubar o sistema de saúde instituído por Barack Obama, uma de suas promessas de campanha.

O republicano surpreendeu o mundo quando resolveu interferir na guerra síria depois de ter prometido não fazê-lo. Após um ataque com armas químicas na Síria, os EUA dispararam 59 mísseis Tomahawk na base aérea de Al Shayrat, perto de Homs, na Síria, de onde teriam partido dias os aviões que lançaram as armas.

A tensão com a Coreia do Norte também se agravou. Enquanto a Coreia afirmou que que o país estaria pronto para lançar um ataque nuclear se fosse alvo dos EUA, Trump respondeu que, com ou sem a China, seu país estaria pronto para agir.

Mas o assunto mais delicado do governo americano diz respeito à Rússia. Antes de completar um mês no cargo, o conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, deixou o cargo após a revelação de que havia mantido contatos extraoficiais com a Rússia. O procurador-geral dos EUA Jeff Sessions, também foi acusado de mentir para o Congresso sobre sua relação com a Rússia.

Em março, o então diretor do FBI James confirmou que o FBI estava investigando a interferência russa na eleição americana e verificando ligações entre pessoas ligadas à campanha de Trump e o governo russo. Em maio Trump decidiu demití-lo – Comey afirmou que Trump pediu o fim de investigação sobre a Rússia.