Tudo que os parlamentares americanos conservadores não precisavam nesse momento era de mulheres acusando de assédio sexual o juiz Brett Kavanaugh, indicado para a Suprema Corte pelo presidente Donald Trump. Tudo que os democratas precisavam, também nesse momento, era que viesse a público um fato como esse. Na semana passada, Deborah Ramirez, em reportagem da revista “The New Yorker”, declarou que foi abusada por Kavanaugh quando ambos estudavam na Universidade de Yale. A sua denúncia somou-se à de Christine Ford: o magistrado teria tentado arrancar as suas roupas, também na juventude. Para os republicanos e os democratas o foco do interesse não é o assédio em si e pouco pesam os depoimentos de Christine e Deborah aos congressistas. O que está em jogo são as eleições parlamentares do mês que vêm. Por enquanto, Trump tem maioria no Congresso, e os democratas abraçam a causa do assédio para tentar implodir essa vantagem. Se Trump a mantiver, coloca Kavanaugh na Corte; se os democratas ultrapassarem numericamente os republicanos, é provável que o magistrado tenha de se contentar com a vidinha no Tribunal de Recursos – e Trump afunda no Judiciário. Desde 1869 a Suprema Corte é formada por nove juízes, e um deles exerce a função de “swing vote” (voto flutuante). Essencialmente

Chip Somodevilla

garantista (seguidor da lei sem interpretá-la), tal juiz pode ser conservador e votar com os liberais ou vice-versa. Tem de funcionar sem filtro ideológico, sobretudo no desempate de votações. Para o “swing vote” o que vale é a tecnicidade da lei. Kavanaugh não manterá tal isenção. Bom para Donald Trump.

Brett Kavanaugh repete Clarence Thomas

Essa não é a primeira vez que a Suprema Corte dos EUA se vê às voltas com a indicação e a aceitação (após sabatina no Senado) de um magistrado conservador acusado de assédio sexual. Nessa situação esteve o juiz Clarence Thomas (foto), indicado em 1991 por George H. W. Bush. Atualmente Thomas está com 70 anos e é um dos mais conceituados magistrados do tribunal.

VIOLÊNCIA
A bala-ave do Dona Marta

Lindrik

A violência no Rio de Janeiro já fez 121 vítimas de balas perdidas esse ano apenas na Região Metropolitana, segundo o laboratório Fogo Cruzado. Cristina Ferreira, moradora do Botafogo, é infelizmente a mais recente. Atingida dentro de sua casa, ela tomava banho quando viu que um de seus braços estava sangrando. O projétil percorreu aproximadamente um quilômetro e partiu do Morro Dona Marta, onde, de acordo com a PM, uma equipe da Unidade de Polícia Pacificadora foi atacada por traficantes ao tentar acabar com um baile irregular de hip hop. Impedir que o crime organizado possua armas sofisticadas com grande capacidade de alcance é atualmente o grande desafio da polícia.

Metralhadora .50 Uma das armas de guerra mais potentes, fura a blindagem de carros-fortes e de aeronaves. Atinge com precisão um alvo a 1 km e provoca danos a 2,5 km
AK-47 Consegue atingir um alvo a 800 metros de distância. Dependendo das condições climáticas e do ângulo, seu alcance pode chegar a 1,5 km

POLÍCIA FEDERAL
Política à frente do narcotráfico

Paulo Lisboa / Brazil Photo Press

Imagine um ranking de percentagem de atuação da Polícia Federal contra organizações criminosas em todo o País. Imaginou? Pois bem, as quadrilhas ligadas à política lideram tal escala com 16,4% dos casos investigados pela PF. É impactante? Eis algo mais impactante ainda: a política está à frente das quadrilhas do narcotráfico que acumulam 16,3% das averiguações.

RIO DE JANEIRO
Adeus, Anthony Garotinho

Mauro Pimentel

Anthony Garotinho pode dar adeus à sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro. Na quinta-feira 27 o Tribunal Superior Eleitoral confirmou a sua condição de inelegibilidade, já determinada, aliás, pelo Tribunal Regional Federal. Seguindo a jurisprudência em vigor, o TSE o proibiu também de fazer campanha. Garotinho é inelegível por estar com os direitos políticos suspensos em decorrência de condenação pelo TRE (duplo grau de jurisdição). O processo em questão trata de improbidade administrativa relativa ao desvio, segundo a Justiça, de R$ 234 milhões da Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro, em 2006. Cabe recurso ao STF, mas o entendimento da Corte tem sido o mesmo do TSE.

CAMPANHA
Itamaraty versus a ex-mulher de Bolsonaro

Divulgação

Duas versões para a disputa de um casal pela guarda do filho agitam a corrida eleitoral. A divulgação de uma troca de telegramas entre autoridades do Itamaraty tentou atingir a candidatura de Jair Bolsonaro. De acordo com os documentos, Ana Cristina Valle, sua ex-esposa, pedira asilo na Noruega alegando que recebera “ameaça de morte” do agora candidato quando ele ainda ocupava o cargo de deputado federal. No mesmo dia em que o conteúdo do telegrama (à época encaminhado ao Itamaraty pelo então embaixador do Brasil na Noruega Carlos Henrique Cardin) tornou-se público, Ana Cristina desmentiu em vídeo essa versão. Ela é candidata a deputada federal pelo Podemos do Rio de Janeiro. Segundo Ana, Bolsonaro foi um pai amoroso.