Munido de drásticas e trágicas estatísticas, o presidente dos EUA, Donald Trump, detonou mais uma polêmica na sociedade americana – e, especificamente, nos meios jurídicos. Ele fez na semana passada a explosiva proposta de que a pena de morte seja estendida a condenados por tráfico de drogas, isso no momento em que crescem no país os mais diversos movimentos pedindo a sua extinção (31 estados ainda condenam prisoneiros à morte, mas as execuções estão suspensas devido à falta das

QUARTA-FEIRA 21 Em New Hampshire, Donald Trump (no detalhe) é comparado ao ditador filipino, Rodrigo Duterte: o radicalismo não extingue o narcotráfico (Crédito:Divulgação)

três substâncias que compõem a injeção letal). Os números dos quais Trump se valeu foram divulgados pela Drug Policy Alliance: aumentou em 300% nos últimos doze meses as “acusações de homicídio induzido por consumo excessivo de drogas”. Mais: cerca de cinco bilhões de pílulas de opioides analgésicos (que podem matar) foram comercializadas ilegalmente nos EUA no ano passado. A guerra aberta por Trump é voltada sobretudo contra esse tipo de substância psicoativa (opioides), e sua proposta de pena capital para quem a trafica tem como base o método seguido por governos de nações asiáticos como Cingapura e Filipinas – observe-se que, apesar do alto número de execuções (fuzilamento), o narcotráfico não arrefeceu nesses países. Ao contrário, só faz crescer. O impulsivo e midiático Trump, no entanto, pensa bem diferente. “Estamos perdendo tempo se não endurecermos com os tráfico”, disse ele. “Os narcotraficantes levam à morte milhares de pessoas e nunca são devidamente punidos. São presos, passam um mês na cadeia e voltam para as ruas”. A sua radical, intempestiva e anacrônica proposta já conta com amplo apoio do secretário de Justiça, Jeff Sessions: ”nossa prioridade é dar fim à essa epidemia de drogas”.

63,6 mil
pessoas morreram nos EUA em 2017 por overdose – 42 mil mortes foram causadas por opioides

236 milhões
de receitas de medicações à base de ópio foram dadas por médicos americanos em 2017

ENERGIA
O apagão que veio de Belo Monte

Raul Spinassé / Agência A Tarde / Agência O Globo

Uma falha de programação em um dos disjuntores do sistema de transmissão de energia na usina de Belo Monte, no Pará, provocou na quarta-feira 21 um apagão em 14 estados das regiões norte e nordeste – cerca de 70 milhões de pessoas ficaram sem luz. No sudeste e centro-oeste houve impactos isolados. O sistema foi inaugurado há três meses. Sua capacidade máxima é de quatro mil megawatts (MW) e, no momento da pane, estava operando com três mil e setecentos MW. (Na foto, a avenida Tancredo Neves, em Salvador).

COMPORTAMENTO
Papa Francisco e a mãe de Marielle

Celebrou-se na terça-feira 20 a missa de sétimo dia de Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro. Momentos antes da cerimônia, o papa Francisco telefonou para dona Marinete, mãe da vereadora. “Ele citou o nome de minha filha e disse estar rezando pela família”, relatou a mãe.

AMBIENTE
Empresa admite contaminação com bauxita

Thiago Gomes / AGIF

A mineradora norueguesa Norsk Hydro vinha sistematicamente negando que a sua indústria de alumínio no Brasil, a Hydro Alunorte, derramara água contaminada com bauxita no rio Pará. Na semana passada, no entanto, diante de evidências, a Norsk Hydro admitiu a contaminação que atingiu a população que mora ao redor das bacias de rejeitos. “É totalmente inaceitável. Em nome da companhia, peço desculpas diretamente às comunidades, à sociedade e às autoridades brasileiras”, declarou o diretor-geral da empresa, Svein Richard Brandzaeg. A Hydro Alunorte é a maior produtora mundial de alumínio (5,8 milhões de toneladas por ano).

CINEMA
A volta do filme que profetizou o nazismo – há 94 anos

Divulgação

Serve de alerta, com a extrema direita mandando na Áustria, os cinemas de Viena exibirem, desde a quarta-feira 21, o filme “A cidade sem judeus” (foto). Teve curta temporada há 94 anos, sua única cópia sumiu e só foi encontrada em 2015. Foi o filme (mudo) que profetizou o nazismo numa Europa intolerante (como a de hoje): mostrou os primeiros banimentos de judeus e os primeiros sinais da ascensão de Adolf Hitler. Foi um aviso inspirado no livro de Hugo Bettauer, assassinado após as primeiras sessões. A roteirista, Ida Jenbach, morreu num campo de extermínio. E o ator Johannes Riemann, protagonista, optou por matar judeus em Auschwitz.

CORRUPÇÃO
Nicolas Sarkozy e os 50 milhões de euros

Francois Mori

Após uma série de depoimentos e acusado de aceitar recursos financeiros do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi, para sua vitoriosa campanha à Presidência da França, em 2007, Nicolas Sarkozy foi indiciado na semana passada por corrupção passiva e recebimento de dinheiro do exterior desviado de cofres públicos. Teria ganho 50 milhões de euros. As leis francesas vedam financiamentos vindos de fontes estrangeiras. As investigações começaram em 2013. O ex-presidente francês responderá ao processo em liberdade, mas sob monitoramento da Justiça. Desde que deixou o governo, Nicolas Sarkozy (na foto, no banco traseiro) enfrenta acusações de corrupção. Ele segue negando.