GROSSERIA Segundo o jornal, Trump teria chamado a filha Ivanka de gostosa
GROSSERIA Segundo o jornal, Trump teria chamado a filha Ivanka de gostosa (Crédito:Carolyn Kaster/AP Photo )

O candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, é amplamente conhecido pela agressividade contra seus adversários e a capacidade de proferir ofensas a diversos grupos: mulheres, latinos, muçulmanos, negros, gordos. Na iminência de uma disputa contra a democrata Hillary Clinton nas eleições de novembro, é sua relação com as mulheres que tem atraído o foco da imprensa e dos eleitores. Trump já disse que Hillary só tem o gênero a seu favor e que, se fosse homem, não teria “nem 5% dos votos”. Sobre a jornalista Ariana Huffington, ele declarou que entendia por que seu ex-marido a teria deixado por outro homem (“ela é pouco atraente por dentro e por fora”). Na semana passada, o jornal americano The New York Times publicou uma reportagem esmiuçando a maneira como Trump trata as mulheres na vida privada – e o resultado foi o retrato de um homem que desconhece os limites do assédio sexual, supervaloriza a magreza feminina e subestima a inteligência de suas funcionárias. Entre os episódios relatados pela publicação, constam investidas grotescas em candidatas a misses.

Segundo o Times, que, em janeiro, declarou apoio à candidatura de Hillary, uma candidata do Miss USA, concurso de beleza que Trump comprou em 1997, recebeu um beijo na boca quando foi apresentada ao empresário, que era casado. Temple Taggart, na época com 21 anos, também disse que Trump a sugeriu mentir a idade e dizer que tinha 17. “Porque, na cabeça dele, aos 21 era velha demais”, disse. Além disso, era o próprio executivo quem avaliava o corpo das modelos nos ensaios e, não raras vezes, fazia comentários maldosos. “Algumas das meninas choravam nos bastidores quando ele saía, devastadas por terem falhado, antes mesmo de a competição começar, em impressionar ‘O Donald’”, diz a reportagem. Como homem de negócios, Trump disse uma vez que gostava de contratar mulheres, porque elas sempre trabalhavam “como se tivessem que provar alguma coisa.” A uma executiva que estava acima do peso, ele disse: “Você gosta de doce.”

Fonte: Pesquisas CNN/ORC e NBC/WSJ
Fonte: Pesquisas CNN/ORC e NBC/WSJ

As denúncias de assédio que vieram à tona agora podem dificultar o caminho de Trump à Presidência americana. Nos últimos anos, a distância entre o discurso republicano e o eleitorado feminino, mais propenso a apoiar programas de assistência a pobres, crianças e idosos, e o acesso a métodos contraceptivos, tem aumentado. Revertê-la é fundamental para que o partido consiga voltar à Casa Branca. Nas eleições de 2012, o presidente Barack Obama teve a preferência de 55% dos votos femininos, enquanto o republicano Mitt Romney ficou com 44%. A diferença de 11 pontos percentuais ajudou Obama a minimizar a derrota de 7 pontos entre os homens.

Quem saiu em defesa de Trump foi sua filha mais velha, Ivanka. Onipresente na campanha do pai e no reality show “O Aprendiz”, onde era conselheira, a empresária classificou a reportagem como “perturbadora”. “Na maior parte do tempo, quando as histórias são imprecisas, me sinto frustrada”, disse, em entrevista à rede de tevê CBS. “Mas, nesse caso, eles foram longe demais. Meu pai não é um assediador.” Ivanka é citada numa das histórias do Times. Em 1997, quando tinha 16 anos, ela participou da apresentação do Miss Teen USA sob o olhar atento de Trump na plateia. A Brook Lee, então Miss Universo, ele teria perguntado: “Você não acha minha filha gostosa?” Hoje, aos 34 anos, Ivanka tem um cargo executivo nas Organizações Trump, além de uma linha de roupas e acessórios em seu nome, e é considerada um dos maiores ativos de seu pai na campanha pelos votos femininos. Uma tarefa um tanto desafiadora.