Os conservadores dos EUA tiveram a prova, na semana passada, de que Donald Trump não lesa politicamente apenas a sua imagem com os disparates e sandices que anda fazendo e falando – o presidente do país já prejudica também o seu próprio partido. Há vinte e cinco anos que os republicanos do Alabama não perdiam para os democratas a disputa por uma vaga no Senado. Na terça-feira 12 a tradição das urnas foi quebrada nesse estado americano (reduto violento do conservadorismo) e o promotor Doug Jones (49,9% dos votos) derrotou o juiz Roy Moore (48,4%). Elegeram Jones as mulheres negras (97% delas lhe deram apoio); derrotou Moore a clara aliança que fez com Donald Trump na reta final da campanha. Mais: Moore não conseguiu se livrar do fantasma das acusações de que abusara de adolescentes nos anos 1980, e isso num momento em que o próprio presidente lida com pelo menos dezesseis denúncias de assédio sexual. Trump enfrenta, ainda, uma campanha de cem congressistas mulheres que pedem a sua renúncia imediata devido às acusações. Para piorar a situação, ele não teve outra escolha senão a de ouvir da embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, a exigência de que todos os fatos sejam investigados. Finalmente, Trump, um adepto das redes sociais, vê na campanha #metoo (“eu também”) a mais pesada artilharia contra si no campo dessas denúncias. Nem tudo, no entanto, deve ser depositado na conta do presidente. Roy Moore é dono da própria boca, e é ele quem criminosamente defende a escravidão alegando que ela “mantém as famílias unidas”. Junte-se acusação de assédio com racismo, e tem-se a sua derrota imposta sobretudo por aqueles que ele odeia. Os negros.

R$ 30 milhões

é quanto a empresa francesa Airbus, fabricante do avião da TAM que há 10 anos explodiu ao sair da pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pagará de indenização a um grupo de 70 parentes de vítimas. Ao todo morreram 199 pessoas – 187 estavam na aeronave e 12 se encontravam no armazém da empresa contra o qual o avião se chocou.

BRASÍLIA
Rodrigo Janot

MATEUS BONOMI

será investigado A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS aprovou o relatório do deputado federal Carlos Marun (futuro ministro da Secretaria de Governo). Marun pede que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot seja investigado pelo açodamento na denúncia que apresentou contra o presidente Michel Temer. A base da denúncia era pífia: gravações clandestinas feitas por Joesley Batista, que, aliás, teria sido orientado pelo próprio Janot. “Tenho a convicção de que atitudes intencionais e ilícitas foram praticadas”, diz Marun. Joesley chegou a ser “premiado” em sua delação com imunidade penal, figura jurídica inexistente no ordenamento de leis do País.

SUBMARINO
Marinha dos EUA revela: tripulantes tiveram morte imediata

Argentina Navy

Relatório da Marinha dos EUA: os 44 tripulantes do submarino argentino ARA San Juan, desaparecido no Atlântico desde novembro, tiveram morte imediata quando a embarcação explodiu. A explosão se deu a 380 metros de profundidade e produziu enegia compatível com seis toneladas de TNT. Na foto, o Ara deixa o porto de Buenos Aires para o seu mergulho na morte.

SOCIEDADE
O risco de ser negra e jovem

No Brasil, mulheres jovens e negras têm maior risco de serem assassinadas se comparadas com brancas. Tal risco é 2,2 vezes maior, segundo estudo da ONU e da Secretaria Nacional de Juventude. O Paraná é o único estado em que prevalece a mortalidade de brancas. As negras estão mais expostas no Rio Grande do Norte: taxa de 8,11.

POLÍCIA
O risco “157”

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Importamos dos EUA o instrumento de investigação denominado “delação premiada”. Lá existe desde 1950 e muito se refletiu sobre o seu sentido ético e social: premia-se o delator que está em liberdade, para que haja voluntarismo na delação. Se houver voluntarismo é porque existe arrependimento. Aqui, a delação premiada está virando meio de chantagem – e ao se chantagear bandido, só ele sai ganhando. O traficante Rogério 157, que apavorou a Rocinha, tem de ficar trancafiado a sete chaves. Mas o secretário de Segurança, Roberto Sá (foto), já diz que ele não será transferido para presídio federal se fizer acordo de delação premiada. É perigosa barganha entre o Estado e o criminoso.

COMPORTAMENTO
Brasileira vai à Colômbia para abortar

© Anis – Instituto de Bioética.

É antológica, pelo bom senso e respeito à individualidade, a decisão da Suprema Corte dos EUA no processo “Roe contra Wade”, em 1973, que autorizou o aborto no país. Um dos argumentos da Justiça americana: entre ter um filho que será emocionalmente rejeitado ou interromper a gravidez, a melhor opção é o acesso ao aborto seguro. A brasileira Rebeca Mendes Silva foi ao STF pedindo o direito à interrupção da gestação porque estava deprimida. O tribunal (decisão monocrática) limitou-se a dizer que ela entrara com instrumento jurídico equivocado. Rebeca abortou então na Colômbia e está psiquicamente bem. Como as leis colombianas não o proibem, ela não cometeu crime lá. Não poderá, portanto, ser punida no Brasil.