A SouthRock Capital, responsável pelas operações dos restaurantes Starbucks e Subway no Brasil, anunciou nesta terça-feira (31) que entrou com um pedido de recuperação judicial.

A empresa, que havia contratado a consultoria Galeazzi & Associados neste mês de outubro para organizar a reestruturação, afirma que a medida visa “proteger financeiramente suas operações no Brasil atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica”.

A dívida é de R$ 1,8 bilhão, conforme o documento protocolado pelo escritório Thomaz Bastos, Waisberg, Kurzweil Advogados no Tribunal de Justiça de São Paulo.

A companhia cita que, ao longo dos últimos três anos, desde o início da pandemia, as varejistas têm lutado para manter suas operações. “Os desafios econômicos no Brasil resultantes da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juros elevadas agravaram os desafios para todos os varejistas, incluindo a SouthRock”, acrescenta.

Fundada em 2015, a SouthRock se especializou no desenvolvimento de restaurantes de aeroportos, por meio da Brazil Airport Restaurants, e grandes marcas consolidadas fora do Brasil. Em 2018, a gestora fechou um acordo de licenciamento com a Starbucks para ser operadora exclusiva dos restaurantes dentro do país. Mais recentemente, em maio do ano passado, assumiu a gestão das franquias do Subway. Além das famosas redes americanas, a gestora também atua com as marcas Eataly e TGI Fridays.

Visão de especialista

“O cenário que acometeu um volume de 1,8 bi de endividamento sem possibilidade de rolagem a longo prazo é muito comum e frequente na maior parte das empresas que alavancaram seu crescimento com base em dívidas”, afirma o economista Luís Alberto de Paiva, da Corporate Consulting Estratégias, consultoria especializada em reestruturação financeira de empresas.

“Muitos grupos não têm conseguido otimizar essa alavancagem através de rentabilidade operacional e isso torna uma equação sem soluções”, observa o economista. Sobre o projeto, Paiva destaca a previsão do retorno sobre investimento positivo. “O ROI deveria devolver o capital + margem ao acionista, porém o resultado prático mostra o contrário. Em vez de otimizar o resultado e crescer, não consegue sequer pagar o capital investido, e por conta disso vem a incidência de custos adicionais por conta de inadimplências e a empresa passa a correr atrás de liquidez corrente sem sucesso e cada vez mais endividadas. Assim, torna-se inevitável pedir RJ”, acrescenta.

“A cautela que as instituições deveriam avaliar é o quanto esses planos de crescimento têm solidez e qual o compromisso ou capacitação o corpo executivo tem para entregar um budget desses”, diz. “Obviamente, todas as explicações acabam sendo baseadas na pandemia ou na surpresas dos empresários ao verificarem a alta escalada dos juros eram previsíveis e o retardamento das decisões impactam ainda mais negativamente nos resultados. Corrigir resultados e cumprir budget é fundamental para a reestruturação”, aconselha.