A dona de clínica Grazielly Barbosa, presa em Goiânia (GO) nesta quarta-feira, 3, após a influenciadora digital Aline Ferreira, de 33 anos, morrer depois de passar por uma cirurgia no estabelecimento, não tinha formação e cursou medicina até o terceiro período em uma universidade no Paraguai. Além disso, de acordo com a Polícia Civil de Goiás, o local não exigia exames prévios ou documentava prontuários médicos dos pacientes.

Aline Ferreira morava em Brasília (DF) e compareceu à clínica em Goiânia para realizar uma cirurgia no intuito de aumentar os glúteos no dia 23 de junho.

De acordo com a família da vítima, 30 mililitros de PMMA (Polimetilmetacrilato) – substância de alto risco cujo uso é aprovado pela Anvisa apenas em hipóteses restritas que não incluem volumização de parte do corpo para fins estéticos – teriam sido injetados na influenciadora, que, nos dias seguintes, teve febre, desmaiou, foi internada e morreu na terça-feira, 2.

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Segundo a delegada Débora Melo da Decon (Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor), as autoridades flagraram Grazielly Barbosa ainda realizando atendimento mesmo depois de saber do falecimento de Aline Ferreira e parar de responder a família da vítima. A Polícia Civil apurou que a dona do estabelecimento não possuía ensino superior completo.

Durante fiscalização no local, a vigilância sanitária verificou que a clínica não possuía alvará sanitário, uma exigência na área de saúde e estética que serve para explicar as atividades que são realizadas no estabelecimento. “A presa (Grazielly Barbosa), embora se apresentasse alegando que é biomédica, ela nunca cursou faculdade e não possui registro no conselho profissional”, declarou Débora Melo.

Conforme a delegada, Grazielly contou aos policiais que na realidade, cursou, até o terceiro período, em uma faculdade de medicina no Paraguai. “Além disso, ela fez cursos livres na área da estética. Ela elencou, mas não apresentou diploma nem certificação”, pontuou a autoridade.

A Decon enquadrou a suspeita nas infrações de exercício ilegal da medicina, execução de serviço de alta periculosidade sem autorização dos órgãos responsáveis pela fiscalização e crime contra relação de consumo – induzir o consumidor a erro a respeito da natureza da qualidade dos serviços ou produtos.

Segundo as forças de segurança, o crime de lesão corporal seguida de morte é investigado. A Polícia Civil ainda busca responder de que forma Grazielly conseguia comprar os produtos usados em procedimentos, se haviam mais envolvidos e pessoas que a ajudavam.

O exame que determina a causa do óbito de Aline é aguardado pelas forças de segurança para comprovar relação entre a cirurgia e a morte.