O conselheiro do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro) Domingos Brazão teria sido citado na delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa à Polícia Federal como um dos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Ele nega qualquer envolvimento no caso.

Quem é Domingos Brazão, suposto mandante da morte de Marielle Franco

Por meio de nota enviada à ISTOÉ, o advogado Márcio Palma, responsável pela defesa do conselheiro, informou que solicitou acesso às investigações, porém teve o pedido negado e, por conta disso, desconhece o teor dos elementos contidos no inquérito.

“Para além de tais informações, (Domingos Brazão) esclarece não conhecer os personagens da trama delituosa. Esclarece, ainda, que jamais teve qualquer envolvimento com eles e tampouco relação com os fatos”, completou.

A defesa ressaltou que as especulações para envolvê-lo no caso são inverídicas e tentam trazê-lo “para o bojo das investigações, evidenciando assim a inexistência de motivação que possa lhe vincular ao caso”.

Por fim, o advogado afirmou que Domingos Brazão segue à disposição para esclarecer os fatos, “de modo a encerrar a tentativa de lhe associar ao trágico enredo”.

Relembre o caso

Ronnie Lessa cumpre pena desde 2019 em um presídio de segurança máxima de Campo Grande (RJ). O acordo realizado com a PF ainda precisa ser homologado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), o que indica que algum citado pelo ex-PM possui foro privilegiado, como Brazão.

De acordo com o “Intercept Brasil”, a principal hipótese para que Brazão ordenasse o assassinato de Marielle seria por vigança contra o ex-deputado estadual pelo PSOL Marcelo Freixo, hoje filiado ao PT e atual presidente da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo), pois ela trabalhou com o ex-parlamentar durante 10 anos até ser eleita vereadora, em 2016.

Antes de ser conselheiro do TCE-RJ, Brazão foi filiado ao MDB e obteve cargos de vereador e deputado estadual por cinco mandatos consecutivos. Quando atuava na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), entrou em algumas disputas sérias com Marcelo Freixo. Inclusive, Domingos chegou a ser citado, em 2008, no relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das milícias, presidida pelo então psolista.

O nome de Brazão também foi citado na delação premiada do também ex-policial militar Élcio de Queiroz, que confessou ter sido o responsável por dirigir o carro que perseguiu o veículo da vereadora Marielle Franco pelo bairro de Estácio, no centro do Rio de Janeiro.

Antes das delações, Brazão chegou a ser investigado pela DHC (Delegacia de Homicídios da Capital), pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e pela própria PF, mas nada foi efetivamente provado contra ele.