Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía acentuadamente nesta terça-feira, indo abaixo da marca psicológica de 5 reais conforme investidores repercutiam a possibilidade de alívio nas restrições de combate à Covid-19 na China, em dia de forte desvalorização da moeda norte-americana no exterior.

Às 10:19 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,56%, a 4,9720 reais na venda, rondando as mínimas do dia. A última vez que a divisa fechou um pregão abaixo dos 5 reais foi no dia 4 deste mês, quando ficou em 4,9020 reais na venda.

Na B3, às 10:19 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,76%, a 4,9940 reais.

Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, disse à Reuters que as movimentações dos ativos antes da abertura do mercado já indicavam “movimento nítido de inclinação a risco, e, portanto, acho que o ‘driver’ principal é o cenário externo”.

Ele destacou o noticiário sobre a disseminação da Covid-19 na China, que dava sinais de arrefecimento. Xangai, por exemplo, atingiu o esperado marco de três dias consecutivos sem novos casos de Covid-19 fora das zonas de quarentena nesta terça-feira. Essa conquista geralmente significa um status de “zero Covid” para as cidades chinesas e o início da suspensão de restrições de combate à doença.

Os mercados internacionais haviam sofrido nas últimas semanas por temores de que lockdowns na segunda maior economia do mundo levariam a uma desaceleração econômica mundial. Colocando panos quentes sobre esses medos por ora, dados desta terça mostraram que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro foi mais forte do que o anteriormente esperado no primeiro trimestre.

Nesse contexto, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,66%, a 103,470 no exterior, ficando bem abaixo de um pico em duas décadas atingido na semana passada.

A moeda norte-americana também recuava contra a maioria das divisas de países emergentes ou sensíveis às commodities, com destaque para rand sul-africano, que avançava mais de 1%. Bergallo disse o movimento nos mercados de câmbio de países em desenvolvimento também reflete o avanço dos contratos futuros do petróleo Brent e do minério de ferro nesta sessão.

Evidenciando o ambiente de maior apetite por risco, todas as principais bolsas da Europa registravam ganhos superiores a 1% nesta manhã, deixa que era acompanhada pelos futuros de Wall Street. [.EUPT] [.NPT]

O departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco chamou a atenção em relatório para a agenda desta terça-feira, que contará com discurso do chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, a partir de 15h (de Brasília). A expectativa é de que ele dê pistas sobre os próximos passos de política monetária do Federal Reserve. Comentários mais agressivos de Powell em relação à inflação tendem a beneficiar o dólar.

Com o desempenho desta manhã, o dólar volta a ficar abaixo da marca psicologicamente importante de 5 reais, embora ainda esteja distante de sua média móvel linear de 50 dias, em torno de 4,90 reais, uma importante barreira técnica.

A moeda norte-americana cai quase 11% frente à brasileira até agora em 2022, mas está 7,7% acima da mínima de encerramento deste ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.

O real havia sido bastante beneficiado no primeiro trimestre pelo ambiente de juros domésticos elevados –que tende a atrair recursos para o mercado de renda fixa– e pela disparada dos preços de várias commodities no mercado internacional.

A taxa Selic está atualmente em 12,75% ao ano.

A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 0,14%, a 5,0507 reais na venda.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022.

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