O dólar apresentou recuo generalizado nesta sexta-feira, 24, reagindo negativamente aos sinais de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continuará a elevar os juros de forma gradual até que o nível neutro das taxas seja atingido, como apontado pelo presidente da instituição, Jerome Powell. O peso argentino, porém, foi a exceção e voltou a apresentar fraqueza diante da moeda americana, marcando uma nova cotação mínima contra o dólar.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar caía para 111,18 ienes, o euro subia para US$ 1,1630 e a libra avançava para US$ 1,2853. Já o índice DXY, que mede a cotação da moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em baixa de 0,54%, para 95,146 pontos.

Jackson Hole novamente foi o palco do simpósio anual realizado pela distrital de Kansas City do Fed para discutir os rumos da política monetária global. Os encontros desta sexta-feira foram abertos por Jerome Powell, que optou por dar ênfase ao ritmo gradual de elevação das taxas de juros nos Estados Unidos. Em seu discurso, o dirigente apontou que não há riscos de superaquecimento na economia e ressaltou que as elevações de juros terão continuidade até que o nível neutro seja alcançado e apenas se o crescimento da renda e do emprego se mantiverem fortes.

Outros banqueiros centrais do Fed, no entanto, pontuam que um caminho muito agressivo para o aperto monetário da instituição não se faz necessário. Para o presidente da distrital de Atlanta do Fed, Raphael Bostic, a expansão econômica dos EUA deve continuar em um ritmo acima da tendência nos próximos trimestres, embora passe a desacelerar depois de 2020. A mesma visão é compartilhada por Robert Kaplan, da unidade de Dallas, que aponta que o crescimento de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) americano no segundo trimestre irá perder força até atingir o nível potencial, entre 1,75% e 2%, pelos seus cálculos, nos próximos anos.

A visão dos dirigentes diverge da avaliação do presidente dos EUA, Donald Trump. Para ele, o nível de crescimento visto entre abril e junho é sustentável e pode acelerar, fazendo com que o PIB do país alcance 5% “em breve”. Acreditando na visão do Fed, e não na da Casa Branca, os agentes venderam dólar nesta sexta-feira.

O enfraquecimento geral da moeda americana, porém, não se refletiu diante da moeda da Argentina, que tem estado sob pressão por desequilíbrios internos, mesmo após o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) fechado pelo governo Mauricio Macri para tentar estabilizar o quadro. A Control Risks aponta, em relatório, que a posição fiscal do país deve seguir vulnerável durante alguns meses, enquanto as autoridades agem para tentar conter a volatilidade cambial. No fim da tarde, o dólar subia para 30,8062 pesos, após ter tocado máxima a 30,960 pesos.